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Visão | VISÃO DO DIA: Costa, o SIS e o populismo

Visão | VISÃO DO DIA: Costa, o SIS e o populismo

“Lamaçal” e “charco” foram palavras fortes utilizadas, esta semana, por Rui Tavares, no debate parlamentar bimensal com o primeiro-ministro. Embora não fosse esse o caso – basta ver o contexto em que o deputado único do Livre falou – António Costa saltou-lhe em cima, alertando-o de que, ao utilizar tal linguagem, Tavares está a deixar-se contaminar […]

“Lamaçal” e “charco” foram palavras fortes utilizadas, esta semana, por Rui Tavares, no debate parlamentar bimensal com o primeiro-ministro. Embora não fosse esse o caso – basta ver o contexto em que o deputado único do Livre falou – António Costa saltou-lhe em cima, alertando-o de que, ao utilizar tal linguagem, Tavares está a deixar-se contaminar pelo vírus do populismo. A argumentação de Costa é interessante e pertinente: pode o vocabulário corroer a democracia? O uso dos termos nunca é inocente. O verbo “arrasar”, por exemplo, muito em voga, hoje, no debate político, define uma opção pela radicalização, e pela polarização: quem “arrasa” não deixa pedra sobre pedra. Isto, de facto, dá jeito aos populistas, que se definem por convocar o medo, a intolerância, o ressentimento e a raiva. Mas se Costa quer falar de populismo, falemos de populismo. E comecemos por falar da sua estratégia (que incluíu inexplicavelmente, a introdução do Presidente da República na equação das contradições a propósito dos acontecimentos de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas…), mantida ao longo do debate de quarta-feira, relativamente à ativação do SIS, no caso do computador extraviado pelo ex-adjunto de João Galamba. O primeiro-ministro não considera relevante reconstruir a fita do tempo, para se perceber quem telefonou a quem, e a que horas, de forma a determinar quem teve a ideia, deu a ordem ou efetuou a manobra para a convocação dos Serviços de Informação da República. O essencial, diz Costa, está em três perguntas: se informação confidencial do Estado for desviada, deve ou não reportar-se às autoridades? “Sim”, responde ele. E as autoridades devem intervir? “Sim”, repete o chefe do Governo. E deu algum governante a ordem para o SIS atuar, ou instruções sobre como devia atuar? “Não”, conclui, logo a seguir. A primeira peça do populismo de Costa é a de achar que os fins justificam os meios: o que interessava era recuperar o computador, e, portanto, a forma como isso foi feito – ou seja, o respeito pelos direitos, liberdades e garantias, bem como pelos protocolos de segurança, quando se ativam serviços de informações – é praticamente irrelevante. Viktor Orban concordaria. A segunda peça do populismo de Costa – que replica uma estratégia base do populismo – é misturar as coisas (André Ventura faria o mesmo): “Alertar as autoridades”, disse Costa. Ora, o SIS NÃO é uma autoridade. Finalmente, a terceira peça populista de Costa: “Ninguém, no Governo, deu ordens ao SIS”…

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