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EXAME | International Sharing School entra no Dukes Education Group

EXAME | International Sharing School entra no Dukes Education Group

A escola internacional detida e gerida pela família Ladeira Santos é a terceira instituição fora do Reino Unido a juntar-se à rede de escolas de elite

Quando entramos na International Sharing School (ISS) de Oeiras, no Tagus Park, há algo que nos capta imediatamente a atenção: um aluno de cerca de 12 ou 13 anos a passear no corredor de computador portátil na mão. Com ar descontraído e satisfeito, entra numa sala onde está um elemento do corpo docente, e senta-se confortavelmente a fazer perguntas.

Pelo outro corredor passam alunos equipados para fazer desporto, e lá fora alguns estudam em mesas espalhadas pelo pátio. Nesta escola internacional estudam, atualmente, mais de 600 alunos de 60 nacionalidades diferentes, mas é sobretudo quietude o que se sente no ambiente, mesmo com várias pessoas a passar.

“Somos a única escola internacional em Portugal que aceita crianças dos 4 meses aos 18 anos”, diz-nos Miguel Ladeira Santos num telefonema que fizemos antes da entrevista exclusiva desta semana. A ISS acabou de integrar o Dukes Education Group, tornando-se na segunda escola portuguesa a consegui-lo – e sendo apenas a terceira instituição fora do Reino Unido a garantir o feito, pertencendo o terceiro lugar à Cooperfield International School Verbier, na Suíça.

Newsletter A subscrição foi submetida com sucesso! Exame O melhor jornalismo económico em revista, na newsletter sobre a edição mensal da EXAME Miguel Ladeira Santos, CEO da ISS e Aatif Hassan, líder da Dukes, falaram à EXAME em maio de 2023, depois de anunciarem a parceria. Fotografia: Rodrigo Cabrita

Criada e liderada por Aatif Hassan, esta rede de escolas independentes de elite nasceu em Londres e conta no seu portefólio com instituições como o St. Andrews College, em Cambridge, a Knightsbridge School, em Londres, ou o Cardiff Sixth Form College, em Cardiff. Foi fundado em 2015 e tem-se dedicado a escolher para suas parceiras instituições de ensino, de creches a escolas secundárias, que partilhem uma série de valores imprescindíveis para Aatif, nomeadamente o mais relevante: “Queremos que todas as crianças possam viver uma vida extraordinária”, disse em novembro o presidente da Dukes à EXAME.

“Nós procuramos sempre organizações que providenciem uma educação extraordinária e não gostamos de controlar ou de ditar qualquer estratégia curricular ou modelo. Mas claro que trabalhamos para assegurar que as escolas os conseguem manter. É a forma como trabalhamos não apenas no Reino Unido, mas também com as escolas que agora temos na Suíça” e em Portugal “e o nosso único objetivo é fazer da ISS a melhor versão de si própria. Portanto, o que fazemos é pegar nos seus atuais valores e ir desafiando a escola, de forma saudável, por forma a garantir que a visão fundadora permanece”, explana Aatif Hassan.

Aqui, na Sharing School, centra-se o ensino na individualidade de cada aluno, e respeita-se o seu perfil. “Há quem prefira estar em ambientes mais sossegados e escuros, outros querem luz e um lugar mais descontraído. Um bocadinho como nós, adultos, que trabalhamos em sítios diferentes”, dir-nos-á Miguel mais à frente.

Conversámos com Aatif, Miguel e Francisco Ladeira Santos (vice-presidente e CFO da instituição) no campus da Sharing School numa solarenga e quente manhã, depois de os responsáveis da instituição já terem dado conhecimento aos pais dos alunos desta nova parceria.

Miguel Ladeira Santos, Aatif Hassan e Francisco Ladeira Santos fotografados durante a entrevista exclusiva à EXAME, na ISS. Fotografia: Rodrigo Cabrita

A primeira pergunta teve de ir, inevitavelmente, para Aatif, com quem a EXAME conversou no final de 2022, por ocasião da entrada da ULIS na Dukes. “Quando nos disse, em novembro, que continuava de olho em Portugal, já estava em contacto com a International Sharing School?”

Quando vemos outras escolas abrir, vemos que são uma espécie de escolas novas que replicam velhos conceitos. Nós decidimos atingir um outro desafio e criar uma abordagem mais holística para a experiência da aprendizagem dos alunos, que passa também por uma abordagem mais orgânica

Miguel Ladeira santos

Foi com o seu típico sorriso tímido, mas afável, que nos garantiu que não. A abordagem seria feita mais tarde, e rapidamente chegaram a acordo.

A Sharing School centra-se numa abordagem holística da educação, e tomou particular atenção à forma como os espaços foram pensados. “Quando vemos outras escolas abrir, vemos que são uma espécie de escolas novas que replicam velhos conceitos. Nós decidimos atingir um outro desafio e criar uma abordagem mais holística para a experiência da aprendizagem dos alunos, que passa também por uma abordagem mais orgânica”, explica Miguel. “Queremos ir aos fundamentais da aprendizagem da socialização e de criar um ambiente o mais confortável possível. E por isso é que criámos primeiro o currículo e depois adaptámos o edifício à sua imagem, e não fizemos o contrário – que seria ter de adaptar o currículo a um edifício”, continua. “E isto faz uma imensa diferença na experiência de aprendizagem dos nossos alunos. Eles divertem-se mais. Estão mais envolvidos e podem escolher a forma que é, para eles, mais confortável para aprender”.

Fotografia: Rodrigo Cabrita

História e futuro

Para entender esta forma de olhar a educação, talvez seja preciso ir um bocadinho mais atrás, à época em que os pais de Miguel e Francisco, que eram ambos professores de diferentes níveis académicos, compraram a Madeira British School, já corriam os anos 2000. Transformaram-na então na Madeira Multilingual School e dedicaram-se a oferecer uma abordagem educativa que potenciasse a plasticidade do cérebro dos alunos.

Os estudantes da ISS estão expostos a um número significativo de línguas, o que os responsáveis acreditam que contribui bastante para a aprendizagem das ciências e da matemática- aqui o trabalho é feito em inglês, mas ensina-se também o português, a língua do país nativo de cada aluno, que todos podem aprender nos diferentes níveis. E os estudantes aprendem ainda mandarim, alemão e russo e têm como idiomas opcionais o espanhol ou o francês. “Só o facto de aprenderem línguas e a cultura por detrás de cada uma delas tem um impacto na forma como aprendem”, reitera Miguel.

Depois de passar para as mãos da família Ladeira Santos, a ISS concentrou-se em implementar o IB Program e, depois, em abrir um polo em Portugal Continental. A Sharing Foundation, empresa que detém estas duas escolas, tem também trabalhado consistentemente para melhorar a educação em alguns Países de Língua Oficial Portuguesa.

“Ter a ISS como parte da família Dukes vai permitir que partilhe com as outras escolas o que de melhor faz: desde as instalações, à inovação, ao currículo e à forma como conseguem provocar divertimento e entusiasmo no ensino dos alunos, desde tenra idade – e conseguimos ver isso só ao passear pelos espaços. E também acreditamos que há muitos exemplos de melhores práticas em outras escolas nossas que podem aportar valor à ISS, através da troca de experiências entre alunos, diretores de departamentos e professores”, continua Aatif.

Recorde-se que, ao pertencer à Dukes, a ISS vai abrir aos seus alunos e professores a oportunidade de experienciar as vivências das outras instituições da rede, seja através de formações, campos de férias ou experiências de intercâmbio. No fundo, é uma grande família internacional de escolas que se junta com um único propósito: fazer de cada estudante o melhor e mais feliz ser humano possível. Questionado, Miguel confessa que o que gostava que dissessem de um estudante da ISS, quando terminasse a sua passagem pela escola, é que “é uma pessoa bem-educada, honesta, que respeita a família, que respeita o meio em que se encontra e que é apaixonada por aportar valor para o mundo e para a atividade que estiver a fazer na altura”.

Aatif Hassan e Francisco Ladeira Santos, na ISS. Fotografia: Rodrigo Cabrita

Para Francisco, o facto de a ISS ser uma escola familiar – a administração é composta por três irmãos, que já têm filhos lá a estudar também – faz toda a diferença não apenas na filosofia que seguem desde que abraçaram o negócio da educação, mas também nas escolhas que foram fazendo ao longo do percurso. Nomeadamente no “no tipo de grupo a que decidimos associar-nos”, como é o caso do Dukes.

“Procuramos algo que é muito mais do que uma parceria em si mesma, mas que nos permita continuar a crescer e a melhorar os nossos valores, para que ofereçamos aos estudantes e aos pais o nível de excelência que esperam da nossa escola”, refere o CFO da ISS.

Chamamos a nós mesmos uma família de escolas. Está na nossa literatura, no nosso site e nos nossos estatutos. E realmente, eu trato da Dukes como de uma família.

aatif hassan

“Na nossa linguagem, nunca nos chamamos uma empresa ou um grupo”, acrescenta Aatif. “Chamamos a nós mesmos uma família de escolas. Está na nossa literatura, no nosso site e nos nossos estatutos. E realmente, eu trato da Dukes como de uma família. Os meus filhos são bem conhecidos em todas as escolas, acompanham-me em viagens…é realmente um negócio de famílias para famílias”.

Miguel esclarece ainda que na ISS tentam trabalhar em estreita relação com as famílias, que encontram sempre uma porta aberta para falar com docentes ou mesmo com o CEO da escola. Para os administradores da ISS é importante que as famílias saibam que a escola é como que uma espécie de continuação da casa onde os alunos habitam e crescem.

Atualmente, a ISS é composta sobretudo por alunos estrangeiros – representam cerca de 85% dos estudantes – e não deverá ser fácil alterar esta percentagem, uma vez que as anuidades da instituição se encontram em patamares inalcançáveis para a larga maioria dos trabalhadores portugueses. Na ISS, as anuidades variam entre os €10 800 para os bebés e os €25 500 para os alunos de 12.º ano. A estes valores acrescem as taxas de inscrição (€1 200 para novos alunos e €600 para antigos), o seguro (€14) e as refeições (€600 por semestre). Recorde-se que, em Portugal, o salário médio líquido anual ronda, atualmente, os €14 350, segundo dados do INE.

Com apenas cinco anos de vida em Oeiras, a International Sharing School tem registado um crescimento muito significativo no números de alunos e em reputação, aportando mais valor para o País em termos de oferta educativa internacional, numa altura em que cada vez mais famílias estrangeiras procuram Portugal para viver. Tem sido essa popularidade que mantém, também, Aatif de olho nesta geografia, reconhecendo que a importância crescente da economia nacional e das migrações tem feito do País um lugar incontornável quando se quer falar da elite da educação.

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