observador.pt - 19 mar. 15:48
Como as burlonas do cancro prometiam a cura com lavagens e "bolinhas" num armazém em Olhão
Como as burlonas do cancro prometiam a cura com lavagens e "bolinhas" num armazém em Olhão
Duas mulheres foram detidas no Algarve por se fazerem passar por médicas. Prometiam cura para o cancro. Os tratamentos podiam custar 6 mil euros. Dois doentes morreram: um deles era o pai de Olga.
Luísa Teixeira não era uma desconhecida. Por muito que nunca tivessem sido amigas, tinham andado na mesma escola, ao mesmo tempo, e o pai dela até era cliente habitual da oficina de que o pai de Olga Castro era proprietário há décadas na zona industrial de Alijó, vila transmontana onde toda a gente se conhece. De vez em quando, Luísa, que estava a morar no Algarve, passava por lá e falava da mãe, diagnosticada com um cancro na cabeça. Tinha abandonado os tratamentos no IPO do Porto, para passar a ser seguida numa clínica em Olhão, a mesma onde ela própria tinha sido curada também de um problema oncológico — isto depois de os médicos lhe darem apenas uns quantos meses de vida.
“Disse-nos que tinha tido cancro nas cordas vocais ou na tiróide, já não me recordo bem. Disse-nos que lhe tinham dado pouco tempo de vida e que essas doutoras a tinham curado. E contou que, quando a mãe ficou doente, a proibiu de fazer radioterapia e começou a levá-la para o Algarve. E realmente a mulher andava melhor”, conta Olga Castro ao Observador, à distância de pouco mais de quatro anos.
Eram os últimos meses de 2018. Lino dos Santos Castro, o pai de Olga, então com 60 anos, estava doente, com cancro nos intestinos e no fígado. Apesar de já ter sido submetido a uma cirurgia bem sucedida, continuava a fazer quimioterapia, no IPO do Porto, e o prognóstico era bastante reservado. Em desespero, Olga, filha única, não pensava noutra coisa se não em curar o pai.
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