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Visão | Como identificar e lidar com um filho hiperativo, por uma neuropsicóloga

Visão | Como identificar e lidar com um filho hiperativo, por uma neuropsicóloga

Nem todas são crianças irrequietas; algumas parecem estar sempre no “mundo da Lua”, mesmo quando estão sossegadas

Quando se fala de hiperatividade, muitas vezes associamos este estado a crianças irrequietas e “ligadas à pilha”. E quando se trata de crianças que parecem estar sempre no “mundo da Lua”, mesmo quando estão sossegadas? Apesar de parecerem situações bastante distintas, ambas podem ser indicadoras de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA).

A PHDA é uma perturbação do neurodesenvolvimento, caracterizada por um desenvolvimento atípico das redes neuronais responsáveis pela atenção e pela capacidade de adaptação às mudanças do meio. Crianças com PHDA podem apresentar um predomínio de dificuldades atencionais, de comportamentos hiperativos ou impulsivos, ou ambos.

O Manual de Diagnóstico e Estatística de Perturbações Mentais – DSM-5 (5ª ed.) destaca alguns comportamentos frequentes na PHDA de predomínio atencional, tais como:

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  • Presta atenção insuficiente a pormenores ou comete erros de distração;
  • Tem dificuldades em manter a atenção enquanto realiza tarefas ou atividades;
  • Apresenta dificuldades em seguir instruções e frequentemente inicia tarefas, mas não as termina;
  • Tem dificuldades em organizar atividades sequenciais, estabelecer prioridades e gerir o tempo;
  • Evita envolver-se em tarefas que exijam um esforço mental mantido;
  • Perde objetos pessoais ou essenciais a tarefas escolares;
  • Esquece-se de atividades diárias, como fazer recados, trabalhos de casa, responder a mensagens ou manter compromissos.

Outras situações podem ser indicadoras de PHDA com predomínio de hiperatividade e impulsividade nas crianças, nomeadamente:

  • Apresenta dificuldades em estar quieta durante períodos extensos; quando está sentada, bate ou agita as mãos e os pés, e levanta-se várias vezes;
  • Corre e salta em momentos inadequados;
  • Mostra dificuldades em envolver-se em atividades de lazer, de forma tranquila e calma;
  • Fala excessivamente e responde antes do final das perguntas;
  • Tem dificuldades em esperar pela sua vez;
  • Interrompe atividades de outras pessoas ou começa a usar objetos sem pedir autorização.

De acordo com as dificuldades apresentadas, a família poderá fazer algumas adaptações, por forma a facilitar o seu dia a dia:

  • Estabelecer uma rotina diária estruturada e previsível, com calendários visíveis, para facilitar a gestão do tempo e o cumprimento de prazos;
  • Organizar o ambiente de estudo, dispondo a secretária virada para a parede ou para um local com poucos distratores e mantendo à vista apenas os materiais essenciais à tarefa a realizar;
  • Dividir tarefas ou trabalhos mais longos em pequenas etapas, priorizando vários períodos de trabalho curtos com pausas breves;
  • Quando for necessário chamar a atenção para alguma tarefa ou compromisso, aproximar-se fisicamente e captar a atenção, por exemplo, com um toque no ombro, ao invés de chamar por várias vezes;
  • Utilizar objetos anti-stresse, quando necessitar que a criança esteja sossegada;
  • Utilizar o reforço positivo, quando a criança conseguir cumprir um objetivo, e atribuir uma consequência lógica, quando ela não cumprir com as suas responsabilidades.

Na presença de alguns dos sinais de alerta, sugere-se o encaminhamento da criança para uma equipa de saúde especializada (neuropediatra, neuropsicólogo). Esta equipa irá avaliar os sintomas de PHDA e iniciar uma intervenção multidisciplinar, por forma a melhorar a sua qualidade de vida.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

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