sol.sapo.ptManuel Boto - 19 mar. 00:00

Um regime socialista no seu esplendor!

Um regime socialista no seu esplendor!

Para combater a inflação, os responsáveis da comunicação governamental encontraram uns ‘bodes expiatórios’ que são os bancos e os supermercados, mais os seus lucros excessivos.

Ao fim de cerca de 8 anos deste Governo socialista liderado por António Costa, considero que Portugal está a atravessar um dos momentos mais difíceis da nossa democracia de cerca de 49 anos, embora desta vez não seja por razões de bancarrota, como já tristemente nos aconteceu por 3 vezes (todas em governos PS – 1977, 1983 e 2011). 
Com uma maioria absoluta conquistada em janeiro de 2022, assistimos, desde há meses, a tantos episódios que minam a credibilidade governativa do atual Governo PS, como se demonstra pelas quedas de popularidade nas sondagens, que é com imensa perplexidade que nos apercebemos de que a luta pela sobrevivência política se tem sobreposto à missão de governar na maior parte destes 13 meses. Nesta luta, tem tido um papel determinante toda a máquina comunicacional do Governo procurando encontrar motivos para distrair o povo das falhas governativas, pegando, com mestria, em episódios perfeitamente laterais para ocupar os espaços comunicacionais.

Foi o palco das Jornadas Mundiais da Juventude, onde um custo (exorbitante) de cerca de 5 milhões de euros foi tratado como um caso nacional gravíssimo. São os absolutamente lamentáveis casos dos abusos sexuais na Igreja ao longo das últimas dezenas de anos que têm ocupado espaços nobre de tantos telejornais, casos vergonhosos que a própria Igreja alimentou ao não saber lidar com esses tristes abusos. É o folhetim da TAP, à volta de uma indemnização milionária julgada nula pela IGF que demagogicamente tem sido explorada até ao tutano para nos distrair.

Pressurosamente, atacaram os bancos e, em recente reunião no Parlamento, os deputados socialistas (e também sociais-democratas!) debitaram frases feitas de teor ideológico semelhante ao da esquerda radical que motivaram uma indignação e uma perplexidade aos responsáveis do setor, pontificando Vítor Bento, presidente da AFB, a qualificar de «torrente violenta» as absurdas afirmações populistas que ouviu.

Sobre os supermercados, igualmente acusados de especuladores, a ASAE tem feito ‘raids’ a verificar os lucros obtidos, se são excessivos ou não. Quanto à possibilidade do Governo reduzir o seu ganho excessivo, leia-se o IVA que é galopante com o crescendo dos preços, isso é que está completamente fora de causa, segundo Medina. Por mim, acho muitíssimo bem que a ASAE fiscalize, desde que o faça com isenção e sem pressões conducentes à obtenção de resultados predeterminados.

Mas tudo isto não passa de populismo, exatamente igual aos comentários feitos pelos nossos governantes intramuros ao criticar as políticas monetárias do BCE pela aplicação da única medida conhecida como eficaz no combate à inflação, ou seja, a subida das taxas de juro, até ao momento que estas afirmações chegaram aos corredores europeus em que pararam as acusações públicas (mas continuando numa quase surdina, para ir iludindo a clientela dos seus votantes). 

O importante é que se fale o menos possível dos temas que realmente deveriam preocupar os portugueses, como as razões das ondas de greves com que todos nos confrontamos, seja no ensino (professores), saúde (médicos e enfermeiros), justiça (oficiais de justiça) e/ou transportes (CP), todas tendo por origem uma realidade insofismável: falta dinheiro para pagar melhor e recrutar novos recursos! Nestas circunstâncias, o terreno fica fértil para tantas reivindicações e Paulo Raimundo, novo líder do PCP em processo de afirmação pessoal e perante a falta de voz noutros fóruns que não seja na rua, meteu as bases sindicais a trabalhar.

Vamos ao tema fulcral: não há dinheiro para pagar melhor a tantos que tanto merecem. O problema é que não se vislumbra solução porque, na zona Euro, o dinheiro não se fabrica na Casa da Moeda e, como a Economia apenas se limitou a recuperar os índices de 2019 (pré-pandemia), refletindo a inexistência de políticas estruturais deste Governo, não há condições para possibilitar melhores remunerações e a inflação e a carga fiscal vêm paulatinamente exaurindo os portugueses e empresas.

A falta de dinheiro é igualmente notória na falta de manutenção de edifícios em diversos setores. Nas escolas, os professores denunciam situações de salas de aula sem condições por todo o país. Na justiça, proliferam notícias de tribunais com problemas estruturais sem resposta, como a necessidade de impermeabilização dos edifícios para evitar que chova lá dentro. Na saúde, os corredores dos hospitais públicos exprimem melhor o que eu poderia escrever em qualquer texto. Na habitação, a recente política ditada pela nova ministra é um ataque ao direito de propriedade, muito mais fácil do que construir como fazia a antiga EPUL, pela simples razão de não haver dinheiro.

Se falarmos em termos militares, o tema da manutenção dos equipamentos voltou a ser questionado nos últimos dias com a estória de 13 marinheiros se terem recusado a efetuar uma missão de patrulha nos mares da Madeira. Passemos por cima do pequeno-grande detalhe da missão de vigilância se concentrar num navio russo e concentremo-nos na alegada falta de manutenção do navio NRP Mondego. Segundo especialistas citados na comunicação social, «o navio carece de reparações várias e de manutenção num motor, atrasada 2 mil horas de funcionamento, e nos geradores, atrasadas 4 mil horas». 

Outro exemplo: há cerca de dois meses, todos lemos que Portugal iria enviar tanques Leopard 2 para a Ucrânia, dos 37 que atualmente temos. Passados uns dias, afinal, já só poderiam ser enviados alguns tanques porque não só faziam falta para a segurança nacional como também porque, de acordo com uma classificação da NATO, «mais de metade estarão ao nível vermelho de operacionalização» (leia-se ‘encostados às boxes!’).

Para onde nos viramos, as estórias são idênticas, todas centradas na falta de recursos financeiros, sem esperança de ser diferente daqui a uns anos. Este é o estado atual do nosso país, que Costa vai deixar para gerações futuras, eivado de políticas esquerdistas e tiradas populistas, incapazes de gerar riqueza nacional para distribuir – culpa de Passos Coelho, com certeza!

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