www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 28 jan. 07:07

″Crédito pessoal já voltou para níveis pré-pandemia″

″Crédito pessoal já voltou para níveis pré-pandemia″

No ano passado, o Banco Credibom teve lucros ″históricos″. O diretor-geral está confiante que a alta inflação não vai aumentar o nível de incumprimento dos clientes.

O Banco Credibom alcançou um resultado líquido de quase 50 milhões de euros no ano passado, um valor "histórico", avançou Pedro Mata, diretor-geral da operação em Portugal. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, revelou ainda que o crédito pessoal, ao contrário do automóvel, já regressou a níveis pré-pandemia.


O controlo do risco de crédito e o culminar do plano estratégico a três anos - delineado em 2019 - explicam os números alcançados pelo banco especializado no crédito ao consumo. Em causa está a forte aposta no segmento automóvel, área onde tem uma quota de 22%, segundo Pedro Mata, bem como o baixo nível de incumprimento por parte dos clientes, que se situou em 0,4%. "São níveis de referência não só a nível nacional, mas europeu", sublinhou.


O responsável está confiante que estes valores se vão manter e que o malparado não irá aumentar. Apesar da alta inflação, que está a pesar nas contas dos portugueses, Pedro Mata destaca que os atuais números e perspetivas para a taxa de emprego são positivas.


Embora as contas referentes ao exercício de 2022 ainda não estejam totalmente fechadas, o gestor adiantou que o balanço de crédito a clientes deverá rondar os 2,9 mil milhões euros, valores recorde. "Recordo-me que quando cheguei ao banco, há sete anos, a carteira de crédito a clientes era de cerca de mil milhões de euros. Ou seja, o banco tem vindo quase a triplicar a sua base de negócio", acrescentou.


Do total do montante concedido, 75% foi direcionado para a compra de carro, 20% para crédito pessoal e 5% para a área que o banco apelida de crédito lar.


Questionado sobre quais foram os fins mais procurados pelos portugueses para crédito pessoal, Pedro Mata revelou que, segundo as informações que têm, "a principal razão está relacionada com uma categoria que chamamos obras em casa, mais do que temas de educação ou saúde. Também há esses casos, mas o principal motivo compreende investimentos de melhoria no espaço de casa". Uma necessidade que a covid veio reforçar. "A maioria das pessoas tiveram que "misturar" a casa com o local de trabalho, e isso terá sido uma das razões" para o crescimento dos pedidos de empréstimo para esta área. Porém, apesar da evolução positiva neste segmento, "o crédito pessoal diminuiu muito no período da pandemia", advertiu. E exemplificou: "Em 2020, caiu na ordem dos 23%, face ao ano anterior, no mercado nacional".


Uma situação que já foi invertida. "O crédito pessoal que não está ligado à compra de carro já voltou para os níveis pré-pandemia", revelou o director-geral da instituição. Segundo Pedro Mata, esta inversão também se deve ao facto de "todos os grandes bancos de retalho em Portugal colocarem como linha estratégica de crescimento a área de crédito pessoal" e terem uma atuação "bastante mais agressiva do que nós", apontou.


Pedro Mata descarta que este aumento no crédito pessoal esteja relacionado com as dificuldades que as famílias portuguesas estão a sentir com a alta inflação ou com a compra de casa. Há relatos de clientes que estão a recorrer ao crédito pessoal para dar como entrada na compra de casa uma vez que os bancos já não fazem financiamento a 100%. Uma situação que, segundo as regras do Banco de Portugal (BdP), é ilegal. E, neste quadro, o responsável não tem dúvidas que os bancos cumprem as recomendações do supervisor. "Se houver famílias com problemas de sobreendividamento, as instituições financeiras não podem conceder crédito ao consumo", referiu.
E o mesmo se aplica para a questão da entrada para a compra de um imóvel. "Pode haver [casos], não digo que não haja. Mas com a lei da solvabilibdade financeira é muito difícil [acontecer]", até porque "os bancos ... têm de explicar ao BdP porque atribuíram determinado crédito", detalhou. "A mim, como consumidor, até porque o Credibom não trabalha com crédito à habitação, preocupa-me que com os atuais preços em cidades como Lisboa ou Porto as famílias não consigam pagar uma casa". Além disso, como o empréstimo não pode ser superior a 80% do valor da escritura, "o que está a acontecer é que voltou a haver contribuição de pais e avós para as entradas, mais do que as próprias famílias se irem endividar", afirmou.


No que toca ao segmento automóvel, os números ainda não voltaram aos níveis pré-pandemia devido, em grande parte, à diminuição dos stocks de veículos novos. Uma tendência que o Credibom espera inverter nos próximos anos.


Um dos objetivos passa precisamente por aumentar o peso do crédito automóvel no balanço, tendo como ambição que 50% dos empréstimos sejam para carros novos. "O Banco Credibom irá acompanhar a estratégia das diferentes marcas automóveis do mercado português. Hoje já estão a disponibilizar carros novos que entram na categoria de green financing, isto é, carros híbridos ou elétricos", acrescentou, lembrando que "vai haver a transição do mercado automóvel", estando previsto o fim da venda de carros a diesel e gasolina a partir de 2035 na Europa.


O "empurrão" da pandemia
Pedro Mata fez questão de destacar que o resultado "histórico" do Credibom não se deve apenas à performance de 2022. Já vem de trás. "Um dos fatores que permitiram acelerar o nosso crescimento foi o facto de quando apareceu a covid, em 2020, não termos fechado a porta aos nossos parceiros e clientes. Houve outras instituições que devido à pandemia tiveram de fechar as suas agências, e outras, ao mesmo tempo, fecharam a sua política de aceitação de crédito ao consumo". Ora, "como nos mantivemos abertos para negócio, e como temos boas capacidades tecnológicas suportadas em processos com assinatura eletrónica, acabou por funcionar de forma positiva para nós, do ponto de vista de atrair consumidores e novos parceiros", contou. Nos últimos três anos, a rede de parceiros cresceu 20%.

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