Clara Cardoso - 27 jan. 11:34
Visão | T0 de 5000m2 por 4,2 milhões na Expo
Visão | T0 de 5000m2 por 4,2 milhões na Expo
Voltemos atrás. Foi Portugal, numa comitiva liderado por Fernando Medina, à época presidente da Câmara de Lisboa, que se propôs a organizar um evento, que já se sabia, receberia milhões de pessoas na cidade. Não caiu do céu (os mais beatos que me desculpem a expressão) a obrigação de realizar o certame
A sorte das Jornadas Mundiais da Juventude é que têm data marcada e, de uma forma ou de outra, o palco vai ser construído, as estruturas serão criadas e o evento vai acontecer. O investimento podia ser menor, não tenho qualquer dúvida. Mas, para isso, quando, em 2019, se deram pulos de contentamento no Panamá para festejar a vitória na organização do evento, era preciso começar a trabalhar no planeamento.
Este é um enorme problema português. A nossa falta de concretização com eficácia. E depois, quando alguma coisa se faz, venha de lá a discussão pública no opinómetro dos achadores de coisas.
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Não consultámos o caderno de encargos desta organização antes de nos candidatarmos? Não foi discutido o custo do evento, antes de avançarmos para a candidatura? Se foi, por quem? Que estudos foram feitos? Quem foi responsabilizado por garantir uma eficaz execução desse caderno de encargos a tempo e horas?
Agosto é já amanhã, agora é tempo de garantir que tudo acontece a tempo e horas. Andamos a discutir um aeroporto há 50 anos, não tem forma, nem local, nem qualquer estratégia para a sua implementação, é esta a radiografia da nossa capacidade de decidir.
Basta estar a atento a alguma imprensa especializada em arquitetura e engenharia para perceber que o aumento do custo de uma obra têm crescido exponencialmente nos últimos anos, com uma forte aceleração em 2022. Os números impressionam, mas para fazer mais barato, era preciso ter começado há muito tempo.
Numa pequena pesquisa não é difícil encontrar T3 na expo por 3M€. Mas, a maior preocupação é que uma casa para um português comum está muito acima das suas possibilidades. Essa discussão pública para resolver o problema da habitação, especialmente para os jovens, seria muito mais importante para a sociedade.
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