A necessidade e importância do investimento público, é um dos temas sobre o qual reflito com frequência, pois o correto aproveitamento dos fundos comunitários, quer dos planos regionais, quer dos que relevam da pandemia via Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), são determinantes para o nosso futuro coletivo.

Finda a fase da pandemia de saúde pública, que surgiu de forma repentina e intensa, o caminho da nossa recuperação económica, financeira e social ainda é uma miragem. Com os reflexos da inflação e da abrupta subida da taxa de juro, este nosso caminho coletivo será ainda mais penoso e longo.

Analisando os dados do Instituto Nacional de Estatística, sobre a forma como o Estado gasta os seus recursos financeiros, oriundos dos nossos impostos, numa análise comparativa com os demais países comunitários, Portugal continua a ser dos países europeu que menos investe, num valor equivalente a menos 1% do PIB da média da zona euro.

E apesar de ter crescido 6,8% em 2022 face a 2021, não foi suficiente para retirar Portugal da cauda da zona euro, pois apresentou o menor valor entre todos os países da zona euro. E porque será?

Na verdade, somos um país endividado, onde a fatura dos juros com a dívida pública continua a pesar bastante na despesa do Estado, sendo a terceira mais alta da zona euro.

Pagaremos em 2023 cerca de 6,8 mil milhões de euros em juros relativos à “nossa” dívida, quase o dobro dos 3,5 mil milhões de euros pagos em 1999, ano da introdução do euro. Só este ano, face a 2022, são mais 518 milhões de euros e em duas décadas pagámos, só e apenas, o dobro em juros… situação esta quase insustentável.

Eis mais uma evidência da incapacidade do Governo em promover a realização de investimento, algo que apesar dos apoios específicos comunitários do PRR, em nada tem ajudado a mudar.

A regra dos últimos anos tem sido o estarmos no fim da tabela dos países em realização de investimento. E, nos últimos anos, só são mais graves do que os outros, pois o recomendável (e obrigatório) seria o investir, pois até nem houve limites ao financiamento orçamental por via do endividamento (défice).

Mas não, o investimento público, só sobressaiu por ter sido mais um ano de anúncio de muitos milhões de investimento… para o futuro. E na boa maneira socialista de anunciar, adiar e voltar a adiar para voltar a anunciar, constatando que o Estado, na sua maioria, se limita a manter as empresas de serviço público, assistindo à sua acentuada degradação.

Nunca como agora, foi tão necessário trilhar o caminho certo do crescimento económico e do investimento público que o país precisa e merece. O risco da degradação e da perda de oportunidades que os apoios europeus oferecem é grande. Não podemos facilitar nem adiar problemas, pois será uma nova oportunidade tragicamente perdida. The post A insustentável dívida first appeared on O Jornal Económico .