svicente - 26 jan. 08:15
Visão | Feridas que a guerra reabre
Visão | Feridas que a guerra reabre
Há um contexto, com raízes profundas, e que a guerra na Ucrânia despertou: a intensa e longa rivalidade entre a Polónia e a Alemanha, que agora volta a atingir níveis de conflitualidade que, se não forem travados, podem atingir a coesão da União Europeia
Há feridas que demoram a sarar. E há outras que, mesmo aparentemente cicatrizadas, se abrem por conveniência. É precisamente isso que está a acontecer no seio da União Europeia, no lento, mas cada vez mais intenso braço de ferro entre a Polónia e a Alemanha, que a guerra na Ucrânia ajudou a reavivar, reabrindo feridas antigas.
À vista de todos tem estado a intensa disputa sobre a autorização para fornecer à Ucrânia os tanques Leopard 2, de fabrico alemão e considerados das mais potentes máquinas de guerra do planeta. De um lado, temos a Polónia a tentar liderar uma coligação internacional que seja capaz de enviar para Kiev, o mais depressa possível, a arma que poderá ser decisiva nas batalhas terrrestres que se avizinham, após a “retirada” do “general inverno”. Do outro, temos a coligação no poder em Berlim a procurar adiar essa decisão, ponderando as consequências que a mesma poderá ter como afronta direta à Rússia e tentando, com isso, evitar o escalar do conflito para níveis insuportáveis – e que justificaram, nesta semana, que o Relógio do Apocalipse (que mede, desde 1947, o quão perto da extinção se encontra a Humanidade) tenha chegado aos 90 segundos para a meia-noite, o valor mais perigoso da sua história.