visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 26 jan. 08:00

Visão | Portugueses culpam as alterações climáticas pelo aumento do preço dos alimentos

Visão | Portugueses culpam as alterações climáticas pelo aumento do preço dos alimentos

Um inquérito a 31 países mostra que três em quatro portugueses apontam o calor extremo e o aumento do custo dos alimentos como os principais impactos das mudanças do clima nas suas vidas. Por outro lado, os mais jovens são os que dizem estar a fazer menos nas suas vidas pessoais para proteger o ambiente

Calor, preço da alimentação, secas e incêndios florestais: são estes os quatro impactos das alterações climáticas identificados pelos portugueses como os que mais os afetam pessoalmente. Na lista de 31 países que integram o relatório ‘Healthy & Sustainable Living 2022’, Portugal surge em segundo lugar como o país onde há mais gente preocupada com o efeito das mudanças no clima no preço dos alimentos.

Segundo o estudo, 73% dos mil portugueses inquiridos dizem-se pessoalmente afetados pelas alterações climáticas devido aos seus efeitos no preço dos alimentos. Apenas no Quénia a percentagem foi mais alta neste tema. A média dos 31 países é de 57%. Para a Europa, aliás, este é um efeito relativamente pouco grave. As maiores preocupações estão na África, na América Latina e na Austrália. Os impactos na produção de alimentos é uma das consequências que os modelos climáticos preveem, devido sobretudo às secas, ondas de calor e tempestades.

Ainda assim, o calor surge à frente, nas inquietações dos portugueses, com 75%, embora neste caso vários países estejam mais preocupados com o assunto – como Espanha, com 85%, e França, com 80% (o inquérito decorreu durante junho e julho, quando França atravessava uma onda de calor que acabaria por matar cerca de 2 800 pessoas). Em Portugal, seguem-se as secas (49%) e os fogos florestais (48%). A média é de 37% para as secas e 29% para os incêndios.

Fora estes quatro impactos, os portugueses parecem menos preocupados do que os outros em todos os outros temas cobertos pelo inquérito. Destacam-se as doenças provocadas pelas alterações climáticas (média de 31%, mas apenas 18% em Portugal), o frio extremo (média: 27%; Portugal: 13%) e as tempestades extremas (média: 26%; Portugal: 16%).

Mas é nas inundações que essa diferença é maior. Enquanto uma em cada três pessoas (31%), na média global, se mostra preocupada com as inundações, apenas um em cada dez portugueses (10%) diz o mesmo. Mais uma vez, tal como aconteceu em França com o calor, esta perceção pode decorrer do facto de o inquérito ter sido feito no verão. É natural que, se as perguntas fossem feitas no final de dezembro ou em janeiro, depois das cheias que afetaram grande parte do País, os portugueses respondessem de outra forma.

Ambientalistas, mas…

O relatório, que é apresentado hoje em Portugal pela consultora portuguesa em sustentabilidade Greenlab e a multinacional GlobeScan, incidiu também sobre as atitudes das pessoas face à mudança necessária para melhorar o ambiente e o clima. E aqui parece haver uma grande distância entre as preocupações e o que cada um está efetivamente disposto a fazer. Quatro em cada cinco portugueses asseguram que querem reduzir o seu impacto no ambiente, mas menos de metade está disposta a pagar mais para isso. Além disso, quase metade (46%) garante que a ação individual não pode fazer muito para salvar o ambiente.

Um dos resultados mais surpreendentes do inquérito é a aparente falta de sensibilidade relativa dos mais jovens para estas questões. Apenas 59% dos inquiridos pertencentes à Geração Z (nascidos a partir do final dos anos 90) dizem estar a fazer tudo o que podem pessoalmente para proteger o ambiente; no caso dos Millennials e da Geração X, o número sobe para 68%; mas são os mais velhos, os Baby Boomers, que lideram, com 77%. Os mais novos são igualmente o grupo etário menos predisposto a reduzir o seu impacto ambiental: 74%; Millennials e Geração X estão nos 82% e os Baby Boomers, nos 83%.

Num comentário aos resultados do relatório, o especialista em sustentabilidade Luís Rochartre Álvares, Senior Advisor da Greenlab, alerta que “esta edição do Healthy & Sustainable Living vem comprovar que existe ainda um caminho a percorrer para uma efetiva mudança comportamental face ao ambiente e à sustentabilidade, quer por parte dos cidadãos e consumidores quer pelo lado das empresas e marcas”.

Em Portugal, o inquérito foi patrocinado pelo Grupo AGEAS Portugal, EDP e Abreu Advogados, e apoiado pela Associação Portuguesa de Management, Insure Hub (Universidade Católica do Porto), NBI – Natural Business Intelligence e Sair da Casca.

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