dinheirovivo.pt - 23 jan. 15:50
Finalmente há vistos
Finalmente há vistos
Quatro anos depois de o AMIGOS Act ter passado no Congresso dos EUA, os portugueses podem agora a aceder aos vistos E1 e E2. O acordo começou com Trump e acabou por ir parar à caneta de Biden, que o assinou um dia antes da ceia natalícia. Isto significa que os nossos investidores e trabalhadores qualificados poderão, por fim, candidatar-se a residir nos EUA, desde que preencham os requisitos.
Uma oportunidade destas era para ter destaque nos jornais e merecer o devido aproveitamento político por parte do governo. Mas, até agora, estive à espera e nada. Também não admira. O Portugal moderno não vive da produtividade, bem pelo contrário, nem quer ouvir falar nisso. O bom tuga é o que, entre uma dose de caracóis e minis, olha de esguelha para o dono do estabelecimento - o desgraçado atrás do balcão - e diz para os seus botões: Produz tu, malandro!
Ora, se os portugueses têm mais o que fazer, quanto mais os jornais e o governo... para mais agora, com o desnorte de demissões e nomeações que por aí anda. Mas, pelo sim pelo não, aqui ficam as condições de obtenção dos referidos vistos, para quem ainda ousa sair desta hamster wheel à beira-mar plantada.
O visto E1 dirige-se a comerciantes, indivíduos ou empresas, que mantenham um comércio substancial com os EUA. Na teoria, "comércio substancial" implica um fluxo contínuo e volumoso, o qual não está quantificado na lei. Na prática, os consultores legais recomendam um mínimo de 6 meses de continuidade, somando um valor transacional acima de $250.000. Isto é, trata-se de um visto aliciante sobretudo para quem trabalha em importação/exportação.
Já o visto E2 destina-se a empreendedores, particulares ou empresariais, que façam um investimento substancial numa empresa americana e entrem nos EUA para criar, desenvolver e/ou dirigir essa empresa. Novamente, o termo "substancial" não é quantificado, pelo que, em teoria, não se exige um montante mínimo determinado. Na prática, indica-se um valor acima de $100.000 como geralmente aceite para a obtenção do visto.
Resumindo, qualquer Alexandra Reis poderia qualificar-se para o E1 ou E2, ou ambos em simultâneo, no que respeita aos montantes mínimos requeridos. Só lhe faltaria era o talento, a visão estratégica e comercial, a capacidade de planificação e liderança, a coragem e todas essas papalvices que em Portugal apenas geram desgraçados atrás de um balcão.
Economista e investidor