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ASF piora cenário de risco para o setor dos seguros

ASF piora cenário de risco para o setor dos seguros

A análise de risco do Supervisor alerta para um aumento do risco de liquidez e para uma combinação negativa de aumento dos custos com sinistros e menor volume de prémios.

Riscos macroeconómicos e de mercado continuam em alerta máximo para a ASF, entidade supervisora dos seguros e fundos de pensões, segundo o seu Painel de Riscos do Setor Segurador referente a setembro e agora divulgado.

O painel salienta a tendência de agravamento dos riscos de liquidez bem como os de rentabilidade e solvabilidade, as únicas duas dimensões em oito analisadas que ainda estão em nível de risco médio baixo.

A síntese do Painel de Riscos da ASF permite ver a evolução anual:

As principais conclusões deste relatório da ASF destacam:

  • Os principais riscos para o setor segurador permanecem fortemente influenciados pelo atual contexto macroeconómico, nomeadamente a manutenção da guerra na Ucrânia e a persistência de elevados níveis de inflação, com impactos na atividade económica e na condução da política monetária;
  • O prolongamento da guerra na Ucrânia tem-se repercutido num aumento da taxa de inflação, que atingiu, para várias economias, valores historicamente elevados, como se observa nos casos da área do Euro (9,1%) e de Portugal (9,3%);
  • As pressões inflacionistas têm conduzido a uma aceleração do ritmo de normalização da política monetária, nomeadamente a prosseguida pelo Banco Central Europeu, que procedeu em setembro a uma nova revisão das taxas de juro de referência para 1,25%;
  • A alteração de paradigma terá impacto sobre as condições de financiamento dos agentes económicos, num contexto de aumento do endividamento público e privado decorrente da crise pandémica, condicionando, assim, a recuperação económica;
  • O agravamento do enquadramento internacional, que também se verifica nos restantes países europeus, justifica a manutenção da classificação dos riscos macroeconómicos no nível alto;
  • Nos mercados financeiros, a incerteza a nível internacional e a revisão em alta das taxas diretoras do BCE conduzem ao aumento do risco de reavaliação dos prémios de risco dos ativos financeiros, o qual poderá colocar pressões sobre a valorização das carteiras das empresas de seguros, e, como tal, na rendibilidade e solvabilidade do setor, pelo que os riscos de crédito e de mercado permanecem em médio-alto e alto, respetivamente;
  • Os riscos de liquidez mantêm-se classificados no nível médio-baixo, ainda que com uma tendência inclinada ascendente devido à ligeira deterioração do rácio de liquidez dos ativos.
  • Em matéria de rendibilidade, o setor segurador nacional apresentou, em junho, uma melhoria do resultado líquido global, notando-se, no entanto, que o rendimento integral se posicionou em terreno negativo devido à evolução dos mercados financeiros no primeiro semestre do ano, e ao correspondente impacto sobre a valorização dos ativos financeiros detidos para venda;
  • A evolução dos mercados financeiros justifica que os riscos de rendibilidade e solvabilidade apresentem uma tendência ascendente, embora classificados ainda num nível médio-baixo;
  • Verificou-se uma ligeira deterioração do rácio de cobertura do Requisito de Capital de Solvência (SCR), que se fixou em 204,9%;
  • No conjunto do ramo Vida, verificou-se um decréscimo do valor anualizado dos prémios brutos emitidos em 9,6%, evolução que reflete o decréscimo ao nível dos produtos de Vida Ligados;
  • Apesar da quebra, a captação de poupança através destes produtos Ligados permanece em níveis historicamente elevados. Assim, esta categoria mantém a sua classificação em risco médio-alto;
  • Os riscos específicos dos ramos Não Vida, conservam-se em médio-alto. O valor anualizado da produção no segundo trimestre do ano aumentou 2% em cadeia, com os custos com sinistros a crescerem na mesma ordem de grandeza, resultando numa estabilidade da respetiva taxa de sinistralidade global;
  • Um quadro de persistência de inflação elevada deverá conduzir ao aumento dos custos com sinistros das linhas de negócio mais expostas à inflação, com impactos na rendibilidade das mesmas, para além de que a desaceleração do crescimento económico poderá condicionar a capacidade de geração de novo negócio.

O Painel de Riscos do Setor Segurador é publicado trimestralmente pela ASF.

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