jornaleconomico.ptjornaleconomico.pt - 25 jan. 17:40

Itália: ao segundo dia está estabelecida a confusão total

Itália: ao segundo dia está estabelecida a confusão total

Matteo Salvini decidiu não apoiar Mario Draghi para a presidência, cortando uma parte importante do apoio com que contava o antigo governador do Banco Central Europeu. Esquerda e direita geram novos nomes a todo o instante, com as eleições antecipadas a voltarem a ser um cenário possível.

A avaliar pelos jornais italianos, o líder da extrema-direita da Lega tem passado os últimos dois dias em reuniões – parte delas mantendo-se reservadas – com todos os protagonistas das eleições para a presidência italiana, desde candidatos, potenciais candidatos, deputados do seu partido, dos restantes partidos do espectro político, até aos senadores.

Uma corrida que, dizem os críticos, terá como corolários vários cenários possíveis. A derrota de Mario Draghi é o pior deles, não tanto porque o país não contará com o seu contributo no mais alto cargo da nação, mas antes porque, se não for eleito por causa da falta de apoio de um dos partidos que suporta a coligação do governo, nada mais lhe restará que mostrar indisponibilidade para continuar como primeiro-ministro, provocando assim eleições antecipadas.

Os partidos do centro e da esquerda estão a fazer tudo para impedir o país de regressar à penosa evidência da incapacidade de levar legislaturas até ao fim – num quadro em que a bazuca está à espera de quem a possa gerir – mas as eleições antecipadas parecem ser o horizonte cada vez mais nítido para os italianos.

O alarme vem de Enrico Letta, presidente do Partido Democrático, que esta segunda-feira mostrava-se confiante no apoio da Lega a Draghi depois de ter tido um encontro com Salvini, mas esta terça-feira comentou que “assim perdemos Draghi tanto no Quirinale como no Palazzo Chigi” – ou seja, tanto na presidência como na chefia do governo.

As negociações que decorreram ao longo do dia não deram o resultado desejado para o Letta e o centro-direita e a extrema-direita dispersou de um possível apoio a Draghi. Segundo a imprensa italiana, o acordo com a Lega desfez-se face à impossibilidade de aceitar as condições que Salvini pretendia impor. Sem que se saiba verdadeiramente quais elas são, elas implicariam a formação de um novo governo totalmente remodelado.

“O nosso país não pode dar-se ao luxo de dizer ao mundo que não pode proteger a sua figura de maior prestígio, seja o Palazzo Chigi ou o Quirinale”, advertiu Letta – mas parece ser cada vez mais isso que vai acontecer.

Apesar da obstrução do líder da Lega, Letta estava convencido que a direita mais dura não tinha candidato e acabaria por regressar ao ‘redil’ de Draghi, mas as notícias mais recentes contrariam esta tese: segundo alguns jornais, os candidatos da Lega, Fratelli d’Italia e Forza Italia à presidência da República são Elisabetta Casellati, Letizia Moratti, Marcello Pera, Giulio Tremonti e Carlo Nordio.

Outro problema é que a própria esquerda parece estar a ‘gerar’ outro candidato: a candidatura de Pierferdinando Casini, líder da União de Centro (UdC) e ex-presidente da Câmara dos Deputados, que pode vir a contar com o apoio de Matteo Renzi, o ex-líder do Partido Democrático, ex-primeiro-ministro, fundador do Italia Viva e muito pouco entusiasta da presença de Draghi na chefia do que quer que seja. Talvez para não ficar atrás da direita, a esquerda também vai debitando nomes de possíveis candidatos, entre eles Andrea Marcucci e Dario Stefano e Dario Franceschini, todos do Partido Democrático, todos potenciais substitutos de Draghi.

Com o dia a ser preenchido com a segunda votação – depois de na segunda-feira a primeira volta ter sido ganha, como se estava à espera, pelos votos em branco (672 em 1.008, 66%, precisamente aquilo que qualquer candidato precisava para ganhar desde logo) – a Itália está mergulhada na mais completa confusão política, muitos pontos acima daquilo que era esperado.

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