observador.ptobservador.pt - 25 jan. 23:50

Louçã: novo "contrato" com PS será "maior responsabilidade da história do BE". "Mistério" de Costa deixa "campanha empatada"

Louçã: novo "contrato" com PS será "maior responsabilidade da história do BE". "Mistério" de Costa deixa "campanha empatada"

Louçã foi a Braga dar uma aula política e explicar, ponto por ponto, estratégia do BE. Dramatizou ao máximo, disse que vencer direita é "condição de saúde social" e pediu esquerda unida.

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No meio de uma noite gelada em Braga e de um comício anormalmente extenso (foram sete intervenções), o fundador Francisco Louçã apareceu no palco do Bloco para fazer uma leitura política — e estratégica — sobre o estado da campanha e apontar o caminho a seguir. Com uma garantia: o tal “novo contrato para Portugal”, ou o acordo com o PS que Catarina Martins tem pedido, “será porventura a maior responsabilidade da história do Bloco”.

No púlpito, Louçã carregou no dramatismo ao máximo e fez o apelo ao voto com todos os argumentos possíveis: “O voto no Bloco é o único que pode virar a eleição“, avisou. “Se o Bloco for a terceira força nunca haverá um Governo de direita”, frisou. “Vencendo o Chega, que orgulho para a esquerda toda, e ultrapassando de muito longe a sombra dos votos de Il e CDS, o voto no Bloco desempata e impede qualquer Governo de direita”, acrescentou. “É a forma de proteger o país da direita e de um pântano”, rematou.

Por outras palavras: o Bloco, sendo a terceira força política — e elegendo em distritos como Braga, em que é o único partido à esquerda do PS com representação no Parlamento –, pode servir de fiel da balança e condicionar a política do PS no dia seguinte, ajudando a formar uma maioria de esquerda que afaste o papão da direita, trazido pelas recentes sondagens mais favoráveis a Rui Rio.

Para convencer o eleitorado disso mesmo, da utilidade do voto no Bloco — aquele eleitorado, recordou, que escolheu soluções de esquerda em 2015, com a geringonça, e o seu prolongamento em 2019 — o BE terá aqui “uma semana decisiva para um voto decisivo”.

O problema, identificou Louçã, é que para que tudo isto se concretize é preciso “uma esquerda unida que saiba o que quer” e “capaz de compromisso urgente”. E se a crise política, apontou, foi causada por um PS com “uma ambição desmedida do poder absoluto” que até fez com que António Costa recusasse as propostas para o SNS originalmente formuladas por António Arnaut — um trunfo por que o Bloco costuma puxar –, é chegado o momento de perceber que esse “truque” criou “um vazio” — e o pesadelo da maioria absoluta morreu, finou-se na passada sexta-feira”.

Morta a ideia da maioria absoluta, explicou, o PS está agora “a ser engolido por um mistério” — o mistério criado pelo próprio António Costa, quando falou em governar “à Guterres” e abriu a porta à direita e veio agora corrigir o tiro, explicando que vai falar com todos os partidos. Ora o Bloco quer mais clareza. “Qual é a sua alternativa? Quer que os eleitores escolham sem saberem o que estão a escolher. Este mistério está a confundir a campanha do PS e é de sua inteira responsabilidade”. Mas tem efeitos secundários para o resto dos partidos e da campanha: “Toda a gente sabe que o vazio e o mistério estão a fazer desta campanha uma campanha empatada, cada dia mais empatada”.

O resto da intervenção foi dedicado a explicar porque é que a esquerda precisa, afinal, de se unir: para “vencer a direita”. E aqui o festival de críticas à direita, a direita de Rui Rio que se “disfarça agora com a fofura do bichano” — o gato Zé Albino, que é a figura política (?) improvável desta campanha — “mas tem as garras tão à mostra como nunca tinham estado”, que se faz acompanhar de uma “parada dos embaixadores de tentáculos financeiros”, como se fosse “uma coligação de grandes empresas”, que tem “ideias extraordinárias” como a da IL (entretanto retirada) para um sistema em que os estudantes pagariam os seus estudos ou de impor um salário mínimo municipal.

Resumindo: “Tudo é negócio. Chama-se um vendaval contra Portugal”. Mais forte: “Vencer a direita é uma condição de saúde social”. Para isso, faltará uma esquerda que se sente à mesma mesa para negociar.

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