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Medicamento contra tabagismo retirado do mercado. Infarmed reitera necessidade de continuar tratamento

Medicamento contra tabagismo retirado do mercado. Infarmed reitera necessidade de continuar tratamento

Pfizer já tinha anunciado em Junho deste ano a suspensão da distribuição de Champix, medicamento indicado para a cessação tabágica em adultos. Infarmed lembra que há alternativas ao fármaco.

A Pfizer está a recolher todos os lotes de Champix, um medicamento indicado para adultos que estão a tentar deixar de fumar, depois de ter sido detectada a presença da impureza nitrosamina acima da dose diária recomendada. Em resposta enviada ao PÚBLICO, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) reitera esta quarta-feira que “os doentes que estejam a utilizar este medicamento não devem interromper o tratamento” e lembra que há alternativas ao fármaco.

Em Junho deste ano a farmacêutica anunciou a suspensão da distribuição do medicamento depois de detectados valores elevados da impureza N-nitroso-vareniclina e que excedem o limiar de consumo diário aceitável. “Tendo em conta a respectiva indicação terapêutica, o Infarmed considera que existem alternativas para este medicamento. Reiteramos que os doentes que estejam a utilizar este medicamento não devem interromper o tratamento, no entanto, devem consultar o médico assim que possível para que se proceda à substituição por medicamento/ terapêutica alternativa”, refere a autoridade do medicamento.

As nitrosaminas são compostos químicos que, quando ingeridos, podem aumentar o risco de cancro se houver uma exposição prolongada a quantidades acima dos valores recomendados. São substâncias comuns que se podem encontrar em carnes curadas, por exemplo, e cuja ingestão não provoca efeitos a curto prazo

Em Julho de 2020, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) emitiu um parecer no qual exigia aos laboratórios da indústria farmacêutica medidas para “limitar o máximo possível” a presença de impurezas cancerígenas denominadas nitrosaminas em medicamentos.

Consumo antitabágico aumentou nos últimos anos

De acordo com dados do Infarmed relativos a 2018, o consumo antitabágico aumentou em 17%. “A comparticipação em 37%, em Janeiro de 2017, do medicamento antitabágico vareniclina fez aumentar consumo de embalagens deste fármaco em 17% em 2018 (50.378 embalagens em 2017 para 58.997 embalagens em 2018)”, lê-se numa nota de imprensa daquela autoridade.

Esse factor fez aumentar os encargos do Sistema Nacional de Saúde (SNS) em 19% durante o mesmo período, registando-se valores de 1,2 milhões de euros em 2018. Esses mesmos encargos “traduzem investimento na prevenção antitabágica, a par de diversas outras medidas e que tem um impacto directo e indirecto na saúde pública de largos milhares de euros, sobretudo em tratamento e internamento de patologias associadas, como o cancro do pulmão ou a doença pulmonar obstrutiva crónica.”

A vareniclina é a denominação comum internacional (não comercial) para um medicamento sujeito a receita médica. Apesar de a nicotina continuar a ser a substância mais vendida na cessação tabágica, a vareniclina tem vindo a ser cada vez mais dispensada.

A revista Infarmed Notícias de Abril deste ano escreve que o consumo de tabaco constitui “a principal causa evitável de doenças crónicas não transmissíveis e de mortalidade prematura na União Europeia, sendo responsável por cerca de 700 mil mortes por ano.” Estima-se que, em 2017, tenham ocorrido mais de 13.000 óbitos por doenças atribuíveis ao tabaco em Portugal.

Além disso, o tabaco foi responsável por 28,1% dos óbitos por doença respiratória crónica, 19,6% das mortes por cancro, 8,7% dos óbitos por doenças cerebrocardiovasculares e 9,8% dos óbitos por diabetes tipo 2.

Na população portuguesa, o consumo de tabaco continua a ter uma prevalência superior nos homens em relação às mulheres. Apesar disso, existem cada vez mais mulheres a fumar: 24,8% em 2016/2017 face a 17,6% em 2001. No que toca aos grupos etários, 45,6% dos fumadores são homens que têm entre 25 e 34 anos de idade e 10,8% está no grupo etário dos 65 aos 74 anos. Já as mulheres entre os 25 e os 34 anos representam 25,1% e as que têm entre 65 e 74 anos 2,5%.

“O ano de 2020 foi marcado pela pandemia e pelo período de confinamento mais acentuado entre Março e Maio. Durante este ano, a dispensa de medicamentos contendo nicotina aumentou 0,8% face ao ano de 2019. Contrariamente, verificou-se uma diminuição do número de embalagens dispensadas de vareniclina de 29% face a 2019. Este decréscimo ocorreu nos meses de Abril e Maio, período coincidente com o confinamento, no qual se observou também uma diminuição generalizada da procura por cuidados médicos, incluindo consultas médicas”, refere ainda o Infarmed.

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