observador.pt - 22 set. 19:52
"Ainda estou vivo." Papa diz que há pessoas que o querem "ver morto"
"Ainda estou vivo." Papa diz que há pessoas que o querem "ver morto"
O Papa Francisco afirmou que algumas pessoas na Igreja esperavam que ele não sobrevivesse à sua recente operação no cólon e denunciou os ferozes críticos conservadores por fazerem "a obra do diabo".
O Papa Francisco comentou, no seu recente encontro com jesuítas na Eslováquia, que está bem de saúde, mas que houve pessoas que esperavam que não sobrevivesse à sua recente operação ao cólon, e advertiu contra o surgimento da “ideologia de género”.
Num contexto informal, o Papa argentino afirmou: “Ainda vivo, embora algumas pessoas me quisessem morto”, avançou a Reuters.
“Sei que até houve encontros entre prelados que pensavam que o Papa estava em estado mais grave do que se dizia. Eles estavam a preparar o conclave [para eleger um novo Papa]”.
“Graças a Deus, estou bem“, acrescentou.
Papa Francisco “reagiu bem” a cirurgia programada ao intestino
O Papa Francisco, eleito pontífice em 2013, foi submetido a uma cirurgia ao cólon em 4 de julho e passou 11 dias no hospital. Desde então, retomou o seu horário de trabalho.
Durante o encontro com 53 jesuítas na nunciatura de Bratislava, no domingo, 12 de setembro, o Papa Francisco alertou os seus irmãos sobre o sofrimento da Igreja neste momento.
Sofremos hoje na Igreja a ideologia do retrocesso”, disse, de acordo com o ABC.
Francisco afirmou que “voltar atrás não é o caminho certo” e que era importante seguir em frente, escreve a Reuters.
O Papa diz estar ciente das críticas e, sem citar o EWTN (canal de televisão católico norte-americano), acrescentou que “há uma grande rede de televisão católica que continuamente fala mal do Papa sem qualquer problema.”
Eu posso merecer pessoalmente esses ataques e insultos, porque sou um pecador, mas a Igreja não merece isso. É obra do diabo”, continuou, escreveu a ABC.
Nos últimos anos, Francisco tem sido o foco de críticas de um pequeno, mas poderoso número de conservadores americanos insatisfeitos com as suas posições em várias questões teológicas, bem como em questões sociais, desde a imigração à mudança climática.
Francisco reconheceu que evita discussões e admitiu que as opiniões dos clérigos da Igreja o incomodam ocasionalmente.
Às vezes perco a paciência, especialmente quando eles fazem julgamentos sem entrarem num diálogo real”, revelou, reportou a Reuters.
O Papa contou que há quem o acuse de não falar de santidade e que para ele isso não faz sentido.
“Dizem que falo sempre de questões sociais e que sou comunista. E, no entanto, escrevi uma Exortação Apostólica completa sobre a santidade, a ‘Gaudete et Exsultate'”, publicou o ABC.
O Papa também advertiu contra a “rigidez” clerical e disse que Deus queria que a sociedade fosse livre.
Temos medo de acompanhar pessoas com diversidade sexual”, disse, acrescentando que os padres devem oferecer apoio aos casais homossexuais, referiu a Reuters.
No entanto, advertiu contra o surgimento da “ideologia de género”.
“É perigoso porque é abstrato no que diz respeito à vida concreta de uma pessoa, como se uma pessoa pudesse decidir abstratamente à vontade se e quando ser homem ou mulher”, disse.