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Crianças, sim. Crianças, não

Crianças, sim. Crianças, não

Crianças, sim. Os números do emagrecimento demográfico português são expressivos, mas não deixam propriamente ninguém de queixo caído. São um "acidente" público há demasiado tempo. Perdemos mais de 200 mil habitantes numa década e agravámos o plano inclinado de um país cada vez mais litoralizado, cada vez mais centrado na capital e cada vez mais distante dos chamados territórios de baixa densidade, das suas preocupações e da sua agenda de prioridades. A ideia romântica de que cheques-bebé e terrenos baratos são cartões de visita irrecusáveis para convocar povoadores para o interior é apenas isso. Romântica. E no meio desta razia imparável avulta um dado que talvez seja o mais preocupante: a esquálida taxa de natalidade. Por isso, a pergunta que nos devemos fazer, estejamos no litoral pujante e povoado, estejamos no interior adormecido e deserto, é esta: que condições estamos a criar para que os jovens que hoje estão a sair do regaço dos pais se sintam impelidos a ter filhos? A dar-nos futuro?

Crianças, sim. Os números do emagrecimento demográfico português são expressivos, mas não deixam propriamente ninguém de queixo caído. São um "acidente" público há demasiado tempo. Perdemos mais de 200 mil habitantes numa década e agravámos o plano inclinado de um país cada vez mais litoralizado, cada vez mais centrado na capital e cada vez mais distante dos chamados territórios de baixa densidade, das suas preocupações e da sua agenda de prioridades. A ideia romântica de que cheques-bebé e terrenos baratos são cartões de visita irrecusáveis para convocar povoadores para o interior é apenas isso. Romântica. E no meio desta razia imparável avulta um dado que talvez seja o mais preocupante: a esquálida taxa de natalidade. Por isso, a pergunta que nos devemos fazer, estejamos no litoral pujante e povoado, estejamos no interior adormecido e deserto, é esta: que condições estamos a criar para que os jovens que hoje estão a sair do regaço dos pais se sintam impelidos a ter filhos? A dar-nos futuro?

Crianças, não. Manda a prudência científica que, na dúvida, não se arrisca. Foi o que fez a Direção-Geral da Saúde, ao travar aquilo que parecia desenhar-se como certo: a universalização da vacina contra a covid para os jovens entre os 12 e os 15 anos. A solução encontrada, face às dúvidas legítimas levantadas pela comunidade internacional e por vários especialistas entre nós, foi a mais sensata, em particular porque as evidências demonstram que, nesta faixa etária, a doença é ligeira. Vacinem-se os adolescentes entre os 16 e os 17 anos e, com isso, mitigue-se, com uma dose menor de risco, a possibilidade de, durante as férias e no regresso às aulas, haver novos surtos entre os mais novos.

A estrondosa rapidez com que nos chegou uma vacina capaz de travar o pior pesadelo do nosso tempo não deve impedir-nos de usar a prudência quando em causa há ainda tantas incógnitas e, sobretudo, quando o risco não recai sobre adultos, mas sobre crianças.

*Diretor-adjunto

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