pzgomes - 22 jun. 18:26
Visão | Dos fracos não reza a história - as oportunidades perdidas do empresário nacional
Visão | Dos fracos não reza a história - as oportunidades perdidas do empresário nacional
As empresas, ou se transformam rapidamente e estão conscientes que não há retorno aos velhos hábitos, ou não sobreviverão.
A liderança portuguesa está a desperdiçar um momento único na economia nacional. Com a chegada inesperada e repentina da Covid-19, surgiu a urgência da mudança. O tempo de complacência para com as velhas formas de conduzir os negócios, terminou. O “novo normal” está para ficar. Que me desculpem os otimistas inveterados do desenrascanço nacional, mas estamos a ficar sem tempo para “panos quentes” e braços cruzados.
A sobrevivência depende, inteiramente, dos líderes empresariais estarem no centro da transformação, serem eles a levarem essa transformação por diante e tornarem-na sua e não delegando a terceiros sem o verdadeiro envolvimento nos destinos da empresa que o momento exige.
Há uma regra que parece ser universal em Portugal: todos têm uma justificação para o insucesso, mas não existem nomes. Quando se fala no sucesso a justificação é difusa, mas não faltam nomes. Ora, se a intenção é ter sucesso e acertar no alvo, é vital que se entenda que a desconexão entre a liderança executiva, a gestão intermediária e as equipas que trabalham na linha de frente, é a principal razão para que a transformação falhe.
Há uma regra que parece ser universal em Portugal: todos têm uma justificação para o insucesso, mas não existem nomes. Quando se fala no sucesso a justificação é difusa, mas não faltam nomes
Se um líder quer que a sua organização mude, ele também deve mudar. Deve estar preparado para alterar a forma como trabalha e estar totalmente envolvido na transformação que quer implementar. Uma mentalidade conservadora e avessa ao risco é o principal fator que contribui para a perda dos investimentos feitos na transformação de uma empresa e contribui fatalmente para crescentes níveis de frustração operacional.
Cada vez que uma organização tenta ajustar a forma como funciona, essa alteração gera desconfianças, medos e stress. A aparente perda de poder na gestão intermediária leva a demoras, recuos e desconfianças. O papel de uma boa liderança é envolver-se ativamente e em permanência, acautelando essas desconfianças dentro da organização, impedindo as tentativas de retenção de “poder” aparente.
Como? Em primeiro lugar, consciencializando e treinando a gestão intermediária para as vantagens de implementar processos de forma eficaz e inspiradora. Estarão a gerar novos líderes. Ao transformar estes gestores em líderes, terão pessoas capazes de treinar as suas equipas para os aspetos práticos da implementação de uma transformação que ditará o sucesso de uma empresa num mercado que não perdoa demoras.
O território é totalmente virgem e os que se agarram aos destroços na esperança de que a maré os leve de volta a um lugar seguro e protegido, estão condenados a nunca chegar a bom porto. As suas empresas afundarão e não deixarão vestígios
Os empresários portugueses precisam de se consciencializar de um facto inescapável e indiscutível: a transformação digital era uma tempestade que estava a ganhar força desde o início do século XXI. A Covid-19 foi o catalisador para forçar essa transformação. As empresas que estão a operar hoje e sobreviveram ao embate inicial, estão a agir para além do limiar do que conseguem reconhecer. O território é totalmente virgem e os que se agarram aos destroços na esperança de que a maré os leve de volta a um lugar seguro e protegido, estão condenados a nunca chegar a bom porto. As suas empresas afundarão e não deixarão vestígios.