www.publico.ptpublico.pt - 24 nov. 05:03

Cartas ao director

Cartas ao director

Vacina anti-gripe

Desde meados de Setembro que procuro estar atento ao que se diz sobre a vacina anti-gripe que, segundo o primeiro-ministro e a ministra da Saúde iriam estar à disposição da generalidade da população (tendo em atenção especialmente os doentes de risco e os idosos), a partir dos primeiros dias de Outubro. Nessa altura procurei informar-me num centro de saúde, onde me foi dito que a vacinação começaria a 19 de Outubro. Em boa verdade até ontem, 23 de Novembro, não consegui a vacina anti-gripe para mim e para minha mulher, ambos com o catálogo das doenças quase esgotado e eu a dois meses dos 90.

Admitindo que a gripe é uma porta de entrada para a covid-19, seria bom evitá-la ou deixá-la acabar com os velhos?

Manuel Gomes, Penhascoso

A esquerda e o OE

Nestes tempos que correm fala-se muito nos problemas da direita a contas com os seus abraços vergonhosos a um partido extremista e indecoroso em termos de democracia e pouco se fala dos problemas da esquerda; a democracia é assim mesmo, permite que todos falem mesmo para dizer mal dela, desde que não se ultrapasse a tal linha vermelha da subversão institucional - é o menos que se pode exigir. Mas comparar a extrema-direita que surge agora só para subverter o regime e a extrema-esquerda que existe há anos em sintonia com o regime democrático e da qual, pelo menos na Europa, não se espera qualquer risco institucional, só pode ser argumento de má consciência de quem o usa. A esquerda em Portugal é que devia merecer agora a maior atenção, quando se trata de aprovar mais um OE. Não se desculpam os erros, omissões e falhas que o Governo do PS manifesta, mas eu questiono se essas razões justificam que António Costa seja derrubado, nesta altura. Por isso também não se desculpam argumentos falaciosos do BE e atitudes lamentáveis do PCP como a de não adiar o seu congresso, como se do adiamento resultasse a morte do Partido - espécie de chantagem desnecessária e mau exemplo que deveria fazer pensar os comunistas menos extremistas.<_o3a_p>

Pense-se no que aconteceu com a aliança negativa da esquerda com a direita que derrubou o Governo de José Sócrates e se, apesar de ser tão mau, valeu a pena o preço das consequências que daí advieram: a chegada dos liberais acantonados no PSD e no CDS, atirando com um primeiro-ministro sem preparação e uma cambada de esfomeados para chegarem ao poder, e com as regras impostas pela troika, que amesquinharam o povo e o país. A História repete-se se deixarmos que ela se repita.<_o3a_p>

A esquerda tem de pensar se quer repetir a receita: basta enxergar a agressividade esfomeada duma direita sem princípios para perceber que fará tudo para a repetir - muito embora as pessoas de direita com dignidade democrática já tenham denunciado que não vale tudo e de qualquer maneira para se chegar ao poder. Não se iludam: o país não deixará de castigar quem criar uma nova crise política em cima desta crise que é mundial e que abre sempre a porta, se o deixarmos, aos extremismos de direita mas também aos de esquerda.

<_o3a_p>

Fernando Santos Pessoa, Faro

<_o3a_p>

A democracia não se congela…

Não encontro justificação para a sanha em curso contra o PCP por realizar no próximo fim-de-semana o seu congresso convocado há meses. Como o argumento da segurança não colhe devido ao êxito da Festa do Avante! e a Constituição determina o não congelamento dos direitos políticos, vem agora a ética a terreiro: o PCP devia “respeitar” quem está confinado e não reunir para discutir política e eleger os seus órgãos. Seguindo esta lógica, o Parlamento devia encerrar tal como as assembleias municipais e de freguesias; as manifestações ordenadas de profissionais da restauração em falência, de artistas em risco de miséria, de defesa do SNS, de denúncia de abusos patronais, etc., deviam ser suspensas. Ocorre-me uma máxima segundo qual quem renuncia à democracia pela ética acaba por não ter direito a uma e outra…  

Manuel Cardoso Martins, Porto

O vírus do desassossego

Nunca vivemos, como agora, numa época tão rica em conhecimento científico, nem nunca estivemos tão equipados para vencer a doença, a ignorância e a pobreza. Paradoxalmente, nunca estivemos tão desconcertados perante um estranho e ilustre vírus que nos era desconhecido e que nos mergulha num quotidiano de angústia e incertezas. A dúvida em saber quando será o pico desta pandemia parece não ser concensual e, possivelmente, um destes dias verificamos que até já o passamos. Os hospitais já não aguentam uma terceira vaga e a economia também não. É frustrante chegarmos ao Natal com medidas limitativas da liberdade e chegar ao novo ano sem alegria.

Diamantino Reis, Portimão

NewsItem [
pubDate=2020-11-24 06:03:00.0
, url=https://www.publico.pt/2020/11/24/opiniao/opiniao/cartas-director-1940313
, host=www.publico.pt
, wordCount=772
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2020_11_24_233543525_cartas-ao-director
, topics=[opinião]
, sections=[opiniao]
, score=0.000000]