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Centeno alerta para riscos ″sérios″ em caso de retirada precoce dos apoios à economia

Centeno alerta para riscos ″sérios″ em caso de retirada precoce dos apoios à economia

O governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças sinalizou que não defende um novo fecho da economia, afirmando que ″″distanciamento social não é sinónimo de confinamento″.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou esta terça-feira que os riscos de serem retirados precocemente os apoios à economia são "sérios" e sinalizou que não defende novo confinamento da população e fecho da economia.

"Em muitos países a resposta à crise sanitária foi eficaz sem um confinamento total" , disse Centeno, na conferência 'Banca do Futuro', organizada pelo Jornal de Negócios, que decorreu na manhã desta terça-feira.

O governador defendeu que "distanciamento social não é sinónimo de confinamento". "A utilização de máscaras, a realização de testes e a identificação de surtos são substitutos muito eficazes. Devemos usá-los", frisou.

Destacou que "as medidas de confinamento adotadas interromperam a atividade económica em vastos setores, desencadeando aumentos maciços no subemprego. Na ausência de uma intervenção pública concertada, teríamos assistido a uma crise de crédito e de liquidez, que levaria a uma vaga de insolvências com consequências na estabilidade económica e financeira".

Apontou que "a resposta em V "quase perfeito" que a economia deu à redução parcial do confinamento deve ser lida como um alento para adaptarmos as medidas nesta fase, deixando a economia funcionar, sem perder de vista a nossa segurança".

E pediu que seja avaliada com cautela qualquer retirada de apoios à economia, "Com a incerteza elevada e a recuperação ainda fraca, os riscos de uma retirada precoce dos apoios parecem sérios, exigindo avaliações cautelosas", afirmou o também ex-ministro das Finanças.

Destacou que "por um lado, uma retirada precoce dos apoios ao emprego e ao crédito terá um efeito desestabilizador nas condições de oferta e no ritmo de recuperação económica". Disse que "empresas com alta alavancagem, mesmo se viáveis, enfrentariam problemas de racionamento de crédito".

"Por outro lado, a extensão das medidas de apoio daria origem a uma indesejável manutenção do emprego e de afetação de crédito a empresas inviáveis, o que pesará nas perspetivas de crescimento futuras, sempre dependentes da realocação de recursos escassos", frisou.

Segundo Centeno, "um dos legados da crise é o aumento do endividamento do Estado e das empresas não financeiras".

Alertou que, "a médio prazo, o sobre-endividamento pode levar à redução do investimento, enfraquecendo a competitividade e o crescimento económico".

O governador defendeu que "para fazer face a esta dificuldade, são necessárias medidas de fortalecimento do capital das empresas, para reduzir a alavancagem e aumentar sua capacidade de serviço da dívida".

Lembrou que "várias opções foram propostas e, em alguns países, já implementadas, tais como apoios diretos, participação no capital social ou instrumentos de dívida subordinada com capital público ou incentivos fiscais de modo a favorecer injeções de capital privado nas empresas".

"Devem, em todos estes casos, ser privilegiados instrumentos de mercado", salientou.

Atualizada às 13H01 com mais informação

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