expresso.ptexpresso.pt - 27 set. 10:47

Entrevista a Luís Portela: "Somos feitos essencialmente de algo que não é material”

Entrevista a Luís Portela: "Somos feitos essencialmente de algo que não é material”

Entrevista de vida ao homem que conduziu os destinos da farmacêutica Bial, lançando-a no mundo, e que acredita que estamos na Terra de passagem. “A espiritualidade é a nossa via para o autoconhecimento”, diz ele. Esta é uma escolha da artista plástica portuguesa Joana Vasconcelos, editora desta edição da revista E

Tem 69 anos. Fala baixo, pondera as palavras e assume-se como um livre-pensador. Aos 12 anos pediu para deixar de ir �� missa, por sentir que as respostas que lhe chegavam por via de uma educação católica não satisfa­ziam a sua curiosidade. Desde então separou aquilo que considera ser religião daquilo que considera ser espiritualidade. Nesta demanda, na procura de sentido para a vida na Terra, fez uma licenciatura em Medicina, convicto de que é por via da ciência que podemos encontrar as respostas que nos motivam na procura do autoconhecimento. O percurso que tinha desenhado foi subitamente interrompido quando o pai, dono da Bial, a empresa farmacêutica familiar criada pelo avô no início do século XX, faleceu. Luís Portela, então com 21 anos, assumiu a presidência executiva da empresa, cargo que exerceu até 2011. Em 40 anos, a empresa tornou-se a primeira farmacêutica nacional a conseguir impor-se no mercado internacional (está em 58 países), criando dois medicamentes — o Zebinix, um antiepilético, e o Ongentys. A tarefa de gerir uma empresa não o demoveu de prosseguir com o ímpeto que o movera na juventude. Em 1994 criou um centro de investigação dedicado às neurociências e vocacionado para o desenvolvimento de áreas do conhecimento menos exploradas no âmbito científico, promovendo bolsas e atribuindo prémios. Em 2011 entregou o comando da Fundação Bial ao seu filho António, passando a exercer o cargo de presidente não executivo. Desde então escreveu uma série de livros em torno do tema da espiritualidade. É sobre este universo e o seu modo de o entender que nos fala.

Em 2013 publicou “Ser Espiritual — Da Evidência à Ciência”, onde aborda o tema da espiritualidade como uma via do caminho para o autoconhecimento, tentando enquadrá-lo em contexto científico. Desde então não parou de publicar, e os seus livros são bestsellers nesta área. Sente que há uma tendência crescente em relação a estes temas por parte dos leitores?

Os primeiros livros que editei eram um repositório de crónicas que escrevi para o “Jornal de Notícias”, onde colaborei durante 17 anos. Um dia alguém me desafiou a juntar os textos e a editá-los. Procurei três editoras, como é natural duas delas nem me responderam, mas na ASA, do Porto, interessaram-se e publicaram o primeiro livro, “Serenamente”, em 2001. Durante alguns anos vendiam entre dois e três mil exemplares. Quando a ASA foi comprada pela LeYa procurei outro editor. Nessa altura tinha escrito o “Ser Espiritual — Da Evidência à Ciência” e indicaram-me a Gradiva. Enviei o manuscrito, mas não me deram grandes esperanças. Passados uns 15 dias telefonaram-me a pedir para não entregar o livro a mais nenhuma editora e percebi que achavam que se ia vender. Perguntaram-me se iria estar disponível para fazer umas palestras, respondi que sim, pensando que não seriam mais do que meia dúzia de vezes. Mas, a partir do momento em que o livro foi editado, convidaram-me para fazer várias dezenas por todo o país. Esse livro já vai na 28ª edição.

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