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Rosalía: “No Porto senti-me em casa e muito ligada ao público português”

Rosalía: “No Porto senti-me em casa e muito ligada ao público português”

A estrela espanhola respondeu a várias perguntas da BLITZ numa mesa redonda no Zoom. O concerto no NOS Primavera Sound, no ano passado, ou a reviravolta que a sua vida deu desde a chegada do segundo álbum, “El Mal Querer”, foram alguns temas da conversa com a sorridente Rosalía

Numa mesa redonda online, realizada na plataforma Zoom no dia de lançamento do single 'TKN', Rosalía respondeu a perguntas de jornalistas de vários países. A BLITZ marcou presença e colocou, por escrito, várias questões à estrela catalã; a jovem, que agora vive em Miami, nos Estados Unidos, respondeu a cinco delas.

Sobre a reviravolta que a sua vida deu entre 2007, ano do álbum de estreia, “Los Angeles”, e a chegada de “El Mal Querer”, o seu sucessor super-pop, a cantora responde de forma pragmática: “Diria que a minha equipa se tornou maior, que o meu quotidiano é mais maluco e que tenho menos tempo para estar em estúdio e para escrever. Tornou-se mais difícil encontrar o tempo de que preciso para os meus projetos. Porque ser música exige muito tempo, passamos muito tempo em estúdio”. Também a fama veio mudar a rotina da espanhola: “Dantes, quando tinha 23 ou 24 anos, podia andar na rua e não acontecia nada de especial. Agora é diferente”.

Quem ouvir “Los Angeles” e as suas canções cruas e viscerais poderá ter dificuldade em identificar a voz sensual e brincalhona que Rosalía mostrou ao mundo no segundo disco, “El Mal Querer”. Mas a sua autora garante à BLITZ que continua a identificar-se com a essência do álbum de estreia, que chegou a apresentar em Portugal em 2017, com um concerto no Theatro Circo de Braga. “Identifico-me a 100%! Mas penso nas coisas em termos de projetos e quero sempre fazer projetos diferentes, porque acho que não vale a pena repetir padrões ou fórmulas. Se já fiz alguma coisa, penso: 'o que vem a seguir?'. Talvez daqui a uns anos volte a fazer algo que já fiz, se fizer sentido. Não quero saber se resulta ou não, faço apenas aquilo que me faz andar para a frente. Essa é a minha preocupa��ão quando faço música. E vai daqui um shoutout para o Raül Refree”, acrescenta ainda, referindo-se ao produtor com quem gravou o primeiro disco. “Ele é incrível”.

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Em 2019, Rosalía voltou a Portugal, desta feita como cabeça de cartaz do NOS Primavera Sound, no Porto. “Para dizer a verdade, como tinha outro concerto no dia a seguir, só tive tempo de chegar, atuar e sair”, confessa, dizendo que não chegou a passear pela cidade. “Mas lembro-me que adorei. Adorei a energia... quase parecia que estava em casa. Pensei: 'estas pessoas percebem as letras, e estão a ouvi-las com tanta energia!'. Gostei muito desse concerto, senti-me muito ligada ao público português”.

Tal como Rosalía aprendeu a falar inglês ouvindo música cantada nessa língua, a ideia de que os seus fãs possam aprender espanhol através das suas canções é algo que muito lhe agrada. “Não sei se já aconteceu, mas espero bem que sim!”, exclama entre risos. “Espero que os fãs consigam perceber as minhas letras e que isso lhes abra a porta para a língua espanhola, se for caso disso. Seria muito positivo”.

Atualmente em Miami, mas ansiosa por voltar a Espanha “mal possa, para ver a família”, Rosalía tornou-se nos últimos meses uma figura muito presente na pop norte-americana. 'TKN', com Travis Scott, é a colaboração mais recente, mas a artista não enjeitaria trabalhar com 'figurões' como Kanye West, Frank Ocean, Kendrick Lamar ou Bon Iver, Brian Eno, Diego Cigala e Caetano Veloso.

Questionada sobre a importância que tem tido no apresentar do flamenco ao mundo, argumenta: “Sinto que o flamenco se apresenta a si mesmo. A minha música deve-lhe tudo. Qualquer pessoa que descubra o flamenco pode apaixonar-se por ele, porque é uma música tão bonita e poderosa”.

Manter a “abordagem humilde” e passar mais tempo em estúdio são duas das preocupações de Rosalía, a quem a pandemia trouxe um abrandamento bem-vindo. “Durante a quarentena, pensei que tinha muita sorte por poder estar segura em casa. Refleti sobre tudo o que me aconteceu e sobre aquilo que quero daqui para a frente. Mesmo que tenha havido momentos de preocupação, por estar longe de casa e da minha família, fiquei contente por poder preparar canções novas sem a pressão dos timings, só a fazer música por gosto”.

Apesar da juventude, Rosalía transmite, sobretudo nas canções do primeiro disco, uma ideia de experiência e respeito pela tradição que apaixonou os fãs de primeira hora. Quando, na mesa redonda do Zoom, lhe perguntaram qual o elogio que mais a marcou, não hesitou na resposta: “Há um que me deixou maluca. O Pepe Habitchuela, que é um dos meus guitarristas favoritos, porque valoriza mais a emoção do que a técnica, disse-me certa vez: 'Cantas como uma velha! És nova, tens uma voz jovem, mas cantas como uma velha!'. E eu adorei. Uma das coisas de que mais gosto no flamenco, além de ser uma música incrível com muita paixão e verdade, é que a idade é considerada algo de fantástico. Os melhores são os mais velhos. Eu adoro a ideia de que podes passar a vida a tentar ser um cantor de flamenco melhor. É o oposto do que acontece na música pop, que tem tudo a ver com a juventude”.

Pegar num estilo de música “muito antigo e codificado” e torná-lo mais seu é uma das suas coordenadas. “No vídeo de 'Malamente', tentei repensar os elementos que estão presentes na minha cultura há muito tempo. Para mim, os elementos religiososo pertencem ao presente, porque a minha avó levava-me à igreja. Nesse vídeo, a mulher na moto é como a metáfora do 'El Mal Querer', que é uma história de amor, sobre possessividade e ciúme”.

Para o álbum de 2018 que a apresentou ao mundo, Rosalía inspirou-se no romance do século XIV, “Flamenca”. “Esse romance medieval levou-me a dividir o disco em 'capítulos'. Quis criar uma estrutura que me fizesse pensar de forma diferente. A literatura e os filmes inspiram-me e tentei pensar no disco como um álbum e não como um monte de canções”. Exemplos de artistas que a inspirem? Kanye West e “808s and Heartbreaks”, o álbum de de 2008. “Adoro esse disco, porque se percebe que foi muito pensado, e ao mesmo tempo tem tanta vida! Percebes que o Kanye decidiu ter aquela palete de cores e comprometeu-se com aquilo. E depois tem um assunto. Gosto de discos assim e acho que os meus vão ter sempre um assunto e uma palete de cores. Mas nunca se sabe!”.

Fã de artistas tão diversos como Tom Jobim, Daddy Yankee, Bach, Beethoven, Camarón de la Isla ou Gilberto Gil, Rosalía sente-se “abençoada” por poder fazer música na sua língua e por ver o mundo tão “aberto” a projetos de nações diferentes. “É uma loucura que as pessoas ouçam música em coreano. K-pop! Penso que estamos mais abertos a ouvir coisas que nos façam descobrir novas culturas, novas línguas. Talvez se deva à globalização? Há tantas portas e janelas abertas para pequenos mundos e estamos mais recetivos a eles. E eu celebro isso”.

Para o final ficou uma pergunta divertida sobre as longas unhas de gel que Rosalía exibe nos seus vídeos, e que lhe pudemos ver, também, durante a mesa redonda no Zoom.

“Não há nada que não consiga fazer com elas!”, riu-se. “Consigo apertar os sapatos, maquilhar-me, escrever super rápido... muita coisa, a sério. Só tenho de ter cuidado porque, quando são assim tão compridas, podemos magoar-nos. Mas adoro nail art. São pequenas obras de arte temporárias em cada unha. E adoro o processo de fazer as unhas: geralmente vou com amigos e ficamos a falar, é todo um ritual. Estas unhas que trago hoje são com o 'TKN', o novo single!”.

Rosalía na mesa redonda do Zoom. Junho de 2020

Rosalía na mesa redonda do Zoom. Junho de 2020

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