publico.pt - 5 jun. 19:42
TAP volta a voar para 75% dos destinos em Agosto
TAP volta a voar para 75% dos destinos em Agosto
Novo plano de voos acrescenta 22 rotas face às que já estavam anunciadas para Julho, das quais 20 envolvem Lisboa e duas o Porto. Frequências em Agosto ainda colocam operação a funcionar a 20% face ao período antes da covid-19.
Depois do processo de retoma que começou a ganhar forma este mês, a TAP planeia voar para 68 destinos no mês de Agosto, o que representa cerca de 75% das rotas que assegurava antes do impacto provocado pela covid-19 na empresa e no sector.
Neste momento, há apenas 11 ligações, que devem passar para 46 em Julho - com 246 frequências semanais -, chegando depois às 68 previstas para Agosto - com as frequências a subir para 588, seja pelas novas rotas ou pelo aumento de voos em destinos já recuperados. Olhando para as frequências, ou número de voos, o retrato é mais tímido, com Agosto a representar uma capacidade de operação da ordem dos 20% face ao período antes da covid-19 (com cerca de 3000 voos, garantidos pelas novas aeronaves).
De acordo com os dados divulgados pela companhia aérea, as 22 rotas que ressurgirão em Agosto envolvem, na sua esmagadora maioria, o aeroporto Humberto Delgado, com Lisboa a retomar as ligações directas com Belo Horizonte, Washington, Montreal, Acra/São Tomé, Bissau, Casablanca, Marraquexe, Conakry, Telavive, Dusseldorf, Manchester, Marselha, Munique, Oslo, Praga, Toulouse, Valência, Veneza, Viena e Varsóvia. Já o Porto recupera as ligações directas com Londres e Newark.
A estratégia da TAP surge numa fase em que os seus concorrentes estão também a voltar aos céus, nacionais e internacionais, como é o caso da Ryanair, Easyjet, Wizz, Air France-KLM e Lufthansa, numa fase de retoma (mesmo que tímida) do tráfego aéreo e do turismo a nível europeu. Só entre Março e Abril, a TAP perdeu dois milhões de passageiros.
Por outro lado, a companhia aérea, que está a negociar com o Governo a concessão de ajudas de Estado, tem sido muito pressionada para rever as ligações que envolvem o aeroporto do Porto e a região do Norte do País. Para já, nada mudou no plano para Julho, e o plano para Agosto traz poucas novidades para o Porto, uma vez que passa apenas de duas para quatro ligações internacionais (para Julho estava já previsto retomar a rota para Paris e para o Luxemburgo).
Depois, além do Funchal (que passa de duas frequências em Julho para sete em Agosto), o Porto terá mais voos para Lisboa, passando de 21 frequências em Julho para 35 no mês seguinte (actualmente são apenas três).
Polémica em cursoA estratégia da TAP para os próximos dois meses não é um plano fechado, mas falta ainda saber o que muda, e quando - nomeadamente se vai haver alguma alteração em Julho, como pretendem vários agentes e forças políticas.
A 27 de Maio, o conselho de administração, presidido por Miguel Frasquilho (nomeado pelo Estado), emitiu uma nota onde afirmou que a TAP ia “adicionar e ajustar os planos de rota anunciados para este momento de retoma por forma a procurar ter um serviço ainda melhor e mais próximo a partir de todos os aeroportos nacionais” onde opera.
Ou seja, ia rever a estratégia de rotas e frequências divulgada dias antes, abrangendo Julho, e que foi recebida com uma bateria de críticas que envolveram até o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Quem decide as rotas é a comissão executiva (nomeada pelos privados), liderada por Antonoaldo Neves (que está representado no conselho de administração).
Esta quarta-feira, o conselho de administração da TAP divulgou um novo comunicado onde afirmou que já “reuniu com várias entidades representativas do Porto e do Norte de Portugal” e que está “empenhada em recuperar, tão rapidamente quanto possível, e de forma sustentável, a proporcionalidade da sua oferta no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no conjunto da sua operação, relativamente ao período pré covid-19”.
Um dia depois, foi a vez de um conjunto de organismos ligados ao Norte se juntarem e divulgarem uma carta colectiva dirigida ao presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, com cópia para o primeiro-ministro, António Costa.
Na missiva, os responsáveis do Conselho Regional do Norte, Miguel Alves, da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, da Associação Empresarial de Portugal, Luís Miguel Ribeiro, da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, da AIMMAP, Rafael Campos Pereira, e da Associação de Têxteis de Portugal, Mário Jorge Machado, afirmam lamentar a ausência da reunião do presidente da comissão executiva, Antonoaldo Neves e reclamar a recuperação, desde logo, dos voos entre o Porto e Madrid, Genebra, Barcelona, Bruxelas e Frankfurt (outras existiam, como Porto-Milão).
“A chave”, afirmaram, “é a celeridade e a proporcionalidade do processo, factores dos quais os autarcas, as empresas, as associações e todas as entidades da Região Norte não abdicarão”.
O tema já levou à aprovação de requerimentos do PS e do PSD para a audição de Miguel Frasquilho e de Antonoaldo Neves no Parlamento, mas ainda não há data marcada.