www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 30 mar. 15:19

Bruxelas mantém "coronabonds" em cima da mesa

Bruxelas mantém "coronabonds" em cima da mesa

Comissão Europeia clarificou declarações de Ursula von der Leyen sobre uma eventual desvalorização de uma emissão conjunta de títulos de dívida.

A Comissão Europeia reiterou esta segunda-feira que “todas as opções estão sobre a mesa” no quadro da resposta europeia aos choques provocados na economia pela pandemia de covid-19, incluindo os ‘coronabonds’, negando que a sua presidente tenha depreciado esta possibilidade.

Na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, por videoconferência, o porta-voz do executivo comunitário, Eric Mamer, começou por rejeitar que a presidente Ursula von der Leyen tenha desvalorizado a possibilidade de emissão de títulos de dívida europeus (‘coronabonds’ ou ‘eurobonds’), defendida por países como Itália, Portugal e Espanha, ao classificá-los numa entrevista à agência noticiosa alemã DPA como meros ‘slogans’.

“Ela utilizou a palavra alemã «schlagwort», que foi interpretada por alguns como «slogan», mas o que realmente significa é um conceito, uma palavra-chave, e não tem de forma alguma uma conotação negativa, é uma descrição factual, um nome, é isso que queria dizer”, apontou o porta-voz, em resposta a várias questões sobre o assunto enviadas por correio eletrónico pelos correspondentes em Bruxelas.

Eric Mamer acrescentouo que no sábado foi divulgada uma declaração de Von der Leyen “que coloca tudo em contexto”.

Segundo o porta-voz, “o que a presidente disse muito claramente” é que, por um lado, a Comissão tem noção de que “há um debate entre os Estados-membros, e que alguns apontaram que enfrentam constrangimentos específicos ao discutir a questão dos ‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’”.

“Estes constrangimentos estão lá e não podemos simplesmente fazê-los desaparecer, fazem parte do debate”, sublinhou.

Um conjunto alargado de Estados-membros, entre os quais se incluem os dois países europeus mais afetados pelo novo coronavírus, Itália e Espanha, mas também França e Portugal, entre outros, defendeu a mutualização da dívida, mas um grupo de quatro países mantém a sua firme oposição a esta ideia, tal como já ocorreu na crise da dívida soberana, designadamente Holanda, Alemanha, Áustria e Finlândia.

Reportando-se à posição defendida por Von der Leyen, o porta-voz afirmou que “o elemento central mais importante de todo este debate é assegurar que há uma resposta harmoniosa para a crise, e não uma resposta que de alguma forma crie uma divisão entre os Estados-membros consoante a sua capacidade para lidar com os efeitos da crise, e é por isso que o Quadro Financeiro Plurianual – o orçamento de longo prazo da UE – é um elemento tão central do plano de recuperação” no qual o executivo comunitário está a trabalhar.

“Todas as opções estão sobre a mesa”, reiterou o porta-voz, salientando todavia que aquilo de que a UE necessita “para ter uma resposta que esteja à altura dos desafios” colocados pela pandemia é de “opções que sejam rápidas, eficazes e baseadas num consenso entre todos os atores, em particular os Estados-membros”.

No sábado à noite, já depois da polémica provocada pela sua entrevista à DPA – que suscitou designadamente indignação em Itália -, a presidente da Comissão divulgou uma declaração a afirmar que “não exclui nenhuma opção dentro dos limites do Tratado” para responder ao impacto económico provocado pelo novo coronavírus.

Von der Leyen apontou na ocasião que, para “garantir a recuperação”, Bruxelas proporá alterações à proposta para o próximo orçamental da UE 2021-2027, para que passe a incluir “um pacote de estímulos que garantirá a manutenção da coesão na União Europeia por meio de solidariedade e responsabilidade”.

No último Conselho Europeu, realizado por videoconferência na passada quinta-feira, em busca de soluções comuns para responder à crise económica provocada pela pandemia, os chefes de Estado e de Governo dos 27 foram incapazes de chegar a um compromisso ao cabo de várias horas de reunião, acabando apenas por mandatar o fórum de ministros das Finanças da zona euro, o Eurogrupo, de apresentar propostas concretas no espaço de duas semanas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 396 mil infetados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 10.779 mortos em 97.689 casos confirmados até domingo.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 7.340, entre 85.195 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (143.055).

NewsItem [
pubDate=2020-03-30 16:19:33.0
, url=https://www.dinheirovivo.pt/economia/bruxelas-mantem-coronabons-em-cima-da-mesa/
, host=www.dinheirovivo.pt
, wordCount=742
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2020_03_30_1216930737_bruxelas-mantem-coronabons-em-cima-da-mesa
, topics=[economia, coronavírus]
, sections=[economia]
, score=0.000000]