dinheirovivo.pt - 12 dez. 14:12
Lagarde corta crescimento da zona euro para apenas 1,1% em 2020
Lagarde corta crescimento da zona euro para apenas 1,1% em 2020
BCE, agora liderado por Lagarde, vê a economia do euro a crescer apenas 1,1% em 2020, o ritmo mais baixo desde a crise de 2012/2013
O crescimento da zona euro está cada vez mais débil e voltará a travar no ano que vem; a inflação, embora acelere devagar, vai continuar longe da meta política de 2% em 2022, revelou o Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira.
Christine Lagarde, a nova presidente do BCE, acaba de anunciar um novo corte no crescimento da zona euro, que em 2020 só deverá avançar 1,1%, menos uma décima face à projeção de setembro de 2019. Será o pior registo da economia da moeda única desde a recessão de 2012/2013.
Uma situação destas voltará a pressionar as contas públicas, podendo fazer aumentar o desemprego ou abrandar a descida deste. Já há sinais, mesmo em Portugal, de que isso poderá estar a acontecer, com uma quebra significativa nas exportações para a Europa, por exemplo.
“Os riscos que pendem sobre as perspetivas de crescimento da zona euro, relacionados com fatores geopolíticos, protecionismo crescente e vulnerabilidades nos mercados emergentes, continuam a ser negativos, mas agora um pouco menos pronunciados”, referiu Lagarde.
Fonte: BCE
Em todo o caso, o outlook “enfraqueceu” e o BCE sozinho não pode puxar a economia para cima, lembrou a ex-diretora do FMI. Os governos têm de agir também.
“Os governos com margem orçamental devem estar prontos para agir de maneira eficaz e oportuna. Nos países onde a dívida pública é alta, os governos precisam de adotar políticas prudentes e cumprir as metas de equilíbrio estrutural”, disse Lagarde. O primeiro caso é, por exemplo, o da Alemanha; o segundo caso pode muito bem ser o de Portugal.
Lagarde lamenta a inflação tão baixa
A inflação, que o BCE tem por missão manter perto dos 2%, continua como o crescimento: muito fraca. O ritmo dos preços no consumidor deve subir 1,2% em 2019, de acordo com as novas contas do BCE. E depois deve enfraquecer até uns meros 1% no ano que vem.
Nos anos seguintes pode acontecer uma reanimação nos preços, mas nada de especial. Em 2022, a inflação não vai passar dos 1,6%. Longe, portanto, da meta de quase 2% do BCE.
“Com base nos atuais preços dos contratos futuros do petróleo, é provável que a inflação global suba um pouco nos próximos meses”, mas o certo é que “os indicadores das expectativas de inflação estão em níveis baixos”
Relativamente à zona euro, Lagarde disse que as novas projeções dos especialistas do BCE mostram que “no quarto trimestre de 2022, a inflação está em 1,7%”. A média nesse ano dá os tais 1,6%.
“A direção é boa, mas é o objetivo que perseguimos? Não, de facto, não é mesmo”, lamentou Christine Lagarde.
(atualizado 16h00)