observador.ptobservador.pt - 23 jul. 20:25

Embaixador do Irão em Portugal: missão de segurança europeia no estreito de Ormuz seria “lançar achas para a fogueira”

Embaixador do Irão em Portugal: missão de segurança europeia no estreito de Ormuz seria “lançar achas para a fogueira”

Morteza Jami diz que a situação já é delicada o suficiente e que missão nada vai resolver. Defende que apreensão de petroleiro iraniano em Gibraltar foi "pirataria estatal" e um pedido dos EUA.

O Irão considerou esta terça-feira que uma eventual missão de países europeus para proteger navios no estreito de Ormuz seria “lançar achas para a fogueira”, um dia depois de Londres anunciar que pretende organizar uma operação desse tipo.

Em declarações a jornalistas, o embaixador do Irão em Portugal disse que Teerão pensa que a segurança daquela zona deve depender apenas dos países da região.

Portanto qualquer tentativa de países fora da região para fazer aumentar a tensão de uma situação já delicada seria lançar achas para a fogueira”, declarou Morteza Damanpak Jami.

“Este tipo de atenção não vai ajudar a resolver a situação”, adiantou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, anunciou na segunda-feira que o governo britânico quer organizar uma missão de proteção marítima com outros países europeus para garantir a passagem de navios de mercadorias no Estreito de Ormuz.

A crise entre o Irão e o Reino Unido agravou-se na sexta-feira com a captura, pelos Guardas da Revolução iranianos, do petroleiro britânico “Stena Impero”. Desde 4 de julho está retido em Gibraltar o petroleiro iraniano “Grace 1”, alegadamente por transportar petróleo para a Síria, um país sob sanções internacionais.

O embaixador iraniano em Lisboa garantiu que o Irão sabe que o Golfo Pérsico e o Estreito de Ormuz são “muito importantes” para todo o mundo devido à quantidade de petróleo que é transportada pela zona, mas assinalou que historicamente o seu país tem tido a custódia do estreito e é o responsável pela segurança na zona.

Morteza Damanpak Jami classificou a apreensão pelas autoridades britânicas do petroleiro iraniano em Gibraltar como “pirataria estatal”. “Acreditamos que foi uma ação politicamente motivada tomada pelo Reino Unido”, possivelmente a pedido dos Estados Unidos, “foi um erro”, disse.

O diplomata alegou que se Londres impõe sanções à Síria não pode impô-las extraterritorialmente, ou seja, a um terceiro país. Quanto ao petroleiro britânico, o “Stena Impero”, o embaixador do Irão em Portugal disse tratar-se de uma “questão técnica”.

As autoridades iranianas pediram para o investigar “porque havia um possível caso de poluição” relacionado com o petroleiro, explicou. “Por isso, foi detido para fazer as investigações necessárias e garantir que a segurança da navegação está a ser observada”, disse ainda.

O novo embaixador do Irão em Portugal apresentou as suas credenciais ao Presidente da República na semana passada e o seu “principal objetivo” no novo posto é “desenvolver as já amistosas relações entre o Irão e Portugal”.

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