visao.sapo.ptvisao.sapo.pt - 22 jul. 16:07

Uma empresa israelita consegue aceder aos dados pessoais dos utilizadores das grandes plataformas online

Uma empresa israelita consegue aceder aos dados pessoais dos utilizadores das grandes plataformas online

Um spyware criado pela NSO Group tem a capacidade de aceder e fazer o download de todo o histórico privado dos utilizadores dos serviços Amazon, Apple, Facebook, Google e Microsoft, incluindo a sua localização, mensagens e fotografias

A NSO Group é uma empresa israelita de cibersegurança que “ajuda agências governamentais a prevenir e investigar terrorismo e crime”. O seu mais recente spyware, a que chamou Pegasus, tem a capacidade de aceder a dados pessoais de utilizadores que estejam armazenados nos servidores da Amazon, da Apple, do Facebook, da Google ou da Microsoft.

De acordo o Financial Times, que avança a notícia, a empresa mãe da NSO Group, a Q-Cyber, alega que o Pegasus tem a capacidade de infetar o telefone de um determinado alvo, copiar os dados de autenticação de serviços como o Google Drive, o Facebook Messenger e o iCloud para um servidor próprio e, a partir deste, fazer o download de todo o histórico online do utilizador. Mais, o acesso aos dados pelo spyware permanecerá em aberto indefinidamente, assim como a quaisquer novos dados registados após a data de infeção do dispositivo; presumivelmente até que a chave de autenticação seja invalidada.

O Pegasus é capaz de infetar tanto iPhones como smartphones Android, de acordo com o relatório, e permite o acesso a dados colocados na nuvem tanto pelo dispositivo em causa como por outros. Mesmo que o spyware seja eliminado do dispositivo original, os dados do utilizador continuam acessíveis e comprometidos.

Segundo o Financial Times, a Amazon e o Google responderam não ter encontrado indícios de os seus servidores terem sido comprometidos. Por sua vez, o Facebook disse estar a rever as alegações, a Microsoft assegurou que as suas ferramentas de segurança estão em “evolução continua” e a Apple acrescentou que embora possam existir “ferramentas caras” para “levar a cabo ataques direcionados”, não acredita “que estas sejam uteis para ataques generalizados contra consumidores”.

Um porta-voz da NSO Group garantiu ao jornal que a empresa não providencia nem comercializa "qualquer tipo de ferramenta de hacking ou recolha-em-massa para aplicações, serviços ou infraestruturas da nuvem”, embora não tenha negado ter desenvolvido o spyware. O artigo do FT faz menção a documentos que a Q-Cyber terá alegadamente preparado para entregar ao governo do Uganda.

A NSO Group nega ter qualquer outra motivação para a venda dos seus produtos que não a de ajudar órgãos governamentais a impor a lei e a combater o crime. Contudo, análises do Citizen Lab, da Universidade de Toronto, no Canadá, mostram que o software já foi utilizado em dezenas de países, incluindo para localizar Omar Abdulaziz, que privava com Jamal Khashoggi, o jornalista que foi torturado e assassinado no consulado saudita na Turquia, no ano passado. O laboratório reporta ainda que o governo mexicano usa o software para espiar ilegalmente jornalistas, advogados e ativistas.

Estima-se que a empresa esteja também ligada à última falha de segurança do WhatsApp, em que um link de malware – que nem sequer precisava de ser clicado para infetar o telefone - era enviado aos utilizadores. Vários regimes autocratas terão alegadamente acesso ao software da NSO Group. A empresa enfrenta atualmente vários processos judiciais em Israel e no Chipre por alegado abuso do uso de spyware.

NewsItem [
pubDate=2019-07-22 17:07:43.0
, url=http://visao.sapo.pt/actualidade/mundo/2019-07-22-Uma-empresa-israelita-consegue-aceder-aos-dados-pessoais-dos-utilizadores-das-grandes-plataformas-online
, host=visao.sapo.pt
, wordCount=504
, contentCount=1
, socialActionCount=0
, slug=2019_07_22_659075741_uma-empresa-israelita-consegue-aceder-aos-dados-pessoais-dos-utilizadores-das-grandes-plataformas-online
, topics=[mundo]
, sections=[actualidade]
, score=0.000000]