observador.ptAlberto Gonçalves - 20 jul. 01:51

Liberdade p/assar

Liberdade p/assar

O descaramento do MDM e associações similares é infinito. Uma coisa, já de si irritante, é a sensibilidade contemporânea a matérias tão insignificantes que não ofenderiam o antigo arcebispo de Braga.

Um talho de Vila Nova de Gaia colou na montra três fotografias idênticas de uma moça na praia. Em cada uma acrescentou o nome de uma mercadoria disponível e o valor do respectivo quilograma: “Vitela branca p/assar” (a 9,50 €); “Coxa de frango” (1,40 €); e “Lombo p/assar, costeletas e tiras entrecosto” (3,98 €). Quando passasse pelo estabelecimento, uma pessoa normal teria uma de várias reacções. Podia não reparar em nada. Podia avaliar momentaneamente os atributos da moça. Podia sorrir da parvoíce em questão. E podia adquirir uma selecção das carnes anunciadas, motivado pelos preços módicos. Em qualquer dos casos, num mundo de pessoas normais, a vida continuaria sem sobressaltos e o talho continuaria com as fotografias.

Sucede que o mundo que temos está repleto de anormais. Alguns, ou algumas, integram um Movimento Democrático de Mulheres (MDM), agremiação que se apressou a fazer queixinhas a uma Comissão para a Igualdade de Género, sob o “argumento” (?) de que “o corpo da mulher” não pode servir, “subliminar ou explicitamente, para vender todo o tipo de produtos, num mercado que tem interesse em vender e que sabe que assim assegura melhor esse objectivo”. Não comento o português de sarjeta ou o ódio ao terrível “mercado”, exclusivamente interessado em “vender” (ai, Jesus!). Apenas me ocorre que falar do “corpo da mulher” é vago. De qual mulher? Da mulher do anúncio, que pode utilizar o seu corpo como entender? Outra coisa é os ofendidos serem avençados ou simpatizantes de ideologias criminosas. Do mero queixinhas ao queixinhas que empilha esqueletos quase literais no armário vai, apesar de tudo, uma distância notável: a distância que separa a vocação para a mariquice fortuita da vocação para a pulhice instrumental. O cinismo do MDM, que está longe de se esgotar no MDM, é do domínio do absurdo. E não é do domínio da psiquiatria porque a impunidade com que essa gente passeia os respectivos delírios implicaria um manicómio do tamanho de Portugal.

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