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"Estimular carreiras e atrair jovens qualificados é mais urgente do que nunca"

"Estimular carreiras e atrair jovens qualificados é mais urgente do que nunca"

Luís Onofre tomou esta sexta-feira posse como presidente da Confederação Europeia do Calçado

Habituados a competir pelos clientes, os industriais terão, em breve, de competir pelos trabalhadores. O alerta foi deixado por Luís Onofre, presidente da Associação Portuguesa do Calçado (APICCAPS) e que esta sexta-feira tomou posse como líder da CEC, confederação europeia do setor. No discurso de tomada de posse falou de desafios, como a sustentabilidade, a Indústria 4.0, as mudanças de hábitos de consumo e as muitas barreiras ao comércio livre, mas, também, da dificuldade das indústrias em conseguirem atrair jovens. “Estimular as carreiras no setor e atrair jovens qualificados é mais urgente do que nunca”, sublinhou.

Assumindo que o seu objetivo, no novo cargo, é o de “reforçar o papel da confederação enquanto líder de uma rede de produtores europeus”, Luís Onofre promete uma colaboração estreita com as instituições de investigação e os centros tecnológicos no sentido de “promover o hub europeu da inovação”, com os designers e os diversos players da moda para “estimular a liderança da criatividade” na região e com as escolas de negócio tendo em vista o desenvolvimento de uma oferta qualificadora “mais em linha com o novo ambiente de negócios”.

“Sentar todos os players à mesma mesa a nível europeu não será fácil, mas precisamos de encontrar uma forma de por toda a gente a trabalhar no mesmo sentido. Calçado, componentes, peles e curtumes necessitam de trabalhar em conjunto com base nos mesmos objetivos”, defende Luís Onofre, lembrando que o conhecimento “mais avançado” do negócio do calçado está, ainda, no coração da Europa, e que é aqui que os seus competidores se vêm inspirar. “A Europa continua um passo à frente nas tendências de moda, nas tecnologias de fabrico, no conhecimento do negócio, nos materiais sustentáveis e em várias outras áreas críticas”, garante.

Mas Onofre não esquece, também, que o mundo mudou e que o ambiente de comércio livre que a Europa e a CEC têm promovido nas últimas décadas, está hoje ameaçado, por via da guerra comercial “decretada pelo presidente Trump a praticamente todos os seus parceiros comerciais”, da resposta da China, cuja imposição de tarifas adicionais “impõe uma imensa pressão competitiva em todo o mercado”, dos “muros” que o brexit criou no coração da Europa e da ascensão de movimentos políticos extremistas “um pouco por todo o mundo”. A incerteza “tornou-se a norma”, garante Luís Onofre, lembrando que a incerteza “é o maior inimigo” das empresas.

Mas a incerteza não advém, apenas, da política. “Toda a base do negócio está a ser desafiado” pelas mudanças de gostos e tendências dos novos consumidores, pela alteração do retalho e do desenvolvimento crescente dos novos canais de vendas online, pela Indústria 4.0 ou pelos desafios da sustentabilidade que obrigam a novas respostas ao nível dos materiais, mas cabe aos líderes associativos “ajudarem as empresas a prepararem-se para todas estas mudanças”.

Num discurso quase todo feito em inglês, Luís Onofre não esqueceu os industriais nacionais. E foi para eles, e em português, que assumiu que a sua nomeação para a presidência da Confederação Europeia do Calçado é o “reconhecimento público” do esforço contínuo das empresas portuguesas ao longo das últimas décadas. “Com esforço e determinação conquistamos o respeito dos nossos parceiros europeus. Hoje somos um exemplo de resiliência, de dinamismo e de capacidade de superação não só em Portugal como um pouco por todo o mundo”, frisou. Novamente em inglês, sustentou: “A indústria portuguesa do calçado melhorou dramaticamente e é hoje um líder tecnológico em várias áreas, tendo assumido um importante papel na arena internacional”.

Um trajeto que o Presidente da República aplaudiu, também. Marcelo Rebelo de Sousa não esteve na cerimónia no Palácio da Bolsa, mas enviou uma mensagem elogiando o “percurso notável” de “reinvenção do setor do calçado” de Luís Onofre, mas também de todos os dirigente associativos e empresários que “apostaram na diferenciação, no design e na subida na cadeia de valor do calçado português, vencendo contrariedades e posicionando-se em lugares cimeiros do mercado mundial e com crescente notoriedade internacional”. E não esqueceu os setores “complementares no modelo de cluster do calçado”, saudando, também, os empresários do têxtil e vestuário e da joalharia, entre outros, “parceiros dos industriais do calçado”.

É a segunda vez que Portugal assume a presidência da Confederação Europeia do Calçado. A primeira, já lá vão 18 anos, foi pela mão de Fortunato Frederico e Luís Onofre não esqueceu o seu antecessor no discurso: “Ser o seu sucesso na presidência da APICCAPS está a ser um grande desafio. Ele tem um talento nato como empreendedor e é um líder notável da nossa indústria”.

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