www.publico.ptmanuel.carvalho@publico.pt - 23 mai. 06:30

A reviravolta do PS é prenúncio de crise no PSD

A reviravolta do PS é prenúncio de crise no PSD

Com a economia a ter um comportamento acima das previsões do Outono, com António Costa a afirmar-se como o emblema da moderação e da responsabilidade financeira, só um desastre até Outubro salvará o PSD e Rui Rio.

Meio ano é uma eternidade em política. Principalmente quando teremos de atravessar um Verão de incertezas até ao momento em que os cidadãos forem convocados para escolher o próximo parlamento e o próximo Governo, lá para Outubro.

Mas é impossível não olhar os resultados da sondagem que o CESOP, da Universidade Católica, realizou para o PÚBLICO e a RTP  e não constatar quatro realidades incontornáveis: o PS recuperou a sua aura de vitória após a grave crise da parentela no Governo; o PSD perdeu a sua oportunidade de consolidar o seu projecto alternativo com o desastre da votação do tempo de serviço dos professores; os partidos das franjas à esquerda e à direita conservam o seu núcleo duro de votantes; e o sistema partidário conserva a sua blindagem (ou o seu imobilismo) à entrada de novos protagonistas.

Para os socialistas, o cenário é auspicioso. A margem de onze pontos percentuais em relação ao PSD prenunciam não só a sua continuidade no poder, mas também a possibilidade de dispor de mais mecanismos de suporte na Assembleia. Caso os resultados da sondagem se confirmem, o PS poderá prescindir, estrutural ou pontualmente, de um dos seus actuais parceiros de apoio parlamentar. O que lhe conferirá um poder muito maior de negociação. E, por oposição, retirará ao Bloco ou ao PCP a influência determinante que tiveram na presente legislatura. Se este quadro acontecer, o PS e o seu líder tornar-se-ão ainda mais o principal eixo do poder político em Portugal.

Em posição inversa está o PSD. Situado num limiar abaixo dos 30%, incapaz de definir uma proposta alternativa até com o seu aliado natural, o CDS, o PSD parece condenado a mais um longo período de subalternidade política. Face a esta evidência, vai ser interessante saber se o partido se conforma ou se voltaremos a ter uma crise interna que ponha Rui Rio em questão.

Os resultados das europeias serão cruciais para termos uma resposta. Com a economia a ter um comportamento acima das previsões do Outono, com António Costa a afirmar-se como o emblema da moderação e da responsabilidade financeira, só um desastre até Outubro salvará o PSD e Rui Rio.

Por muito que Rui Rio acuse Costa de “golpes de teatro”, ainda que persista em denunciar cabalas urdidas com a cumplicidade dos jornais, o quadro favorável para o PSD de há um mês mudou. Não é hora de deitar a toalha ao chão – Rio, um resistente, jamais o fará. Mas que a sua missão é agora muito mais espinhosa, disso poucos duvidarão.

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