expresso.pt - 22 mai. 18:06
BCP põe fim aos "destroços" provocados pela CGD na sua administração
BCP põe fim aos "destroços" provocados pela CGD na sua administração
O ex-administrador da Caixa, Norberto Rosa, devia ter ocupado três cargos no BCP. Não tendo recebido autorização do BCE, renunciou. O banco chamou três substitutos, dois de fora da casa: um ex-BPI e um ex-EDP
O Banco Comercial Português aproveitou a assembleia-geral de accionistas desta quarta-feira, 22 de maio, para colocar um ponto final aos destroços causadas pela auditoria feita à Caixa Geral de Depósitos.
Os accionistas aceitaram a nomeação de Fernando Costa Lima, ex-diretor do BPI, para administrador, deram luz verde à entrada de Nuno Alves, antigo administrador da EDP, para a comissão de remunerações e ainda aceitaram que a já administradora Cidália Lopes passasse a presidir formalmente à comissão de auditoria.
Todas estas nomeações devem-se a um nome: Norberto Rosa. Quando a atual administração entrou em funções, em julho do ano passado, com Nuno Amado como presidente do conselho e Miguel Maya como seu vice e presidente da comissão executiva, houve um dos nomes propostos que não foi logo aceite pelo Banco Central Europeu.
Eleito em maio de 2018 para administrador não executivo, mas sem que a autorização do supervisor chegasse até novembro, a decisão de Norberto Rosa foi abandonar a candidatura para ser secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos, cargo para onde a avaliação da sua adequação não tinha de ser levada a cabo pelo BCE.
Em causa estava, nessa altura, a auditoria realizada pela EY à Caixa Geral de Depósitos, onde Norberto Rosa tinha sido administrador. Tendo em conta as dúvidas causadas pela sua presença em reuniões que decidiram créditos problemáticos, a autorização para voltar a administrador num banco nunca chegou. E Norberto Rosa cansou-se de esperar.
Assim, ficou em aberto uma vaga no conselho de administração, na presidência da comissão de auditoria (que emana do primeiro conselho) e ainda uma vaga no conselho de remunerações e previdência do BCP.
Um cargo dividido em trêsA solução do BCP não foi escolher uma só pessoa para substituir Rosa em todos estes três cargos. Houve duas entradas, aprovadas na assembleia-geral por mais de 99% dos votos presentes.
Fernando Costa Lima, ex-diretor-central no Banco BPI e que integrava o grupo até 2017, e que no passado foi presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, foi o escolhido para administrador não executivo e independente dos acionistas.
Costa Lima foi nomeado para administrador não executivo, mas a designação, pese embora já autorizada pela administração e pelos accionistas (com 99,97% dos votos presentes na assembleia-geral), carece de luz verde do Banco Central Europeu.
O responsável que vem do BPI também foi aprovado para a comissão de auditoria mas, ao contrário do que aconteceria com Norberto Rosa, não vai para seu presidente. Vai para vogal.
Já a administradora designada para presidente da comissão de auditoria é Cidália Lopes, que já estava a assegurar essa função, ainda que não formalmente, enquanto não havia presidente. “Demonstrou ao longo do exercício ter os requisitos necessários para o exercício desta função, facto que é igualmente reconhecido pelos seus pares”, diz a proposta à assembleia-geral, aprovada com 99,79%.
Ainda houve uma outra eleição na assembleia-geral, com igual percentagem de aceitação dos votantes (por 99,79%), de Nuno Alves, ex-administrador financeiro da EDP, que passa a membro do conselho de remunerações e previdência.
Não sendo administrador, Nuno Alves vai receber, por estas funções, uma remuneração anual de 50 mil euros.
Deloitte ganha mais um mandatoOutra das decisões tomadas foi a manutenção da sociedade revisora oficial de contas, que está em funções desde 2016: a Deloitte. O mandato para o qual foi eleita é 2019-2020.
No concurso que foi aberto este ano na banca, a Deloitte foi preterida perante a PwC. Depois de a CMVM ter recusado a recondução da KPMG como sua auditora, a comissão de auditoria propôs a PwC como sua sucessora, ficando a Deloitte em segundo lugar, como já noticiado pelo Expresso.