expresso.ptexpresso.pt - 22 mai. 23:40

Ricardo Arroja diz que é um milagre o SNS estar vivo

Ricardo Arroja diz que é um milagre o SNS estar vivo

Iniciativa Liberal reuniu esta quarta-feira com o conselho de administração do Hospital de Guimarães para perceber de que mal padece o sector da saúde em Portugal. Ricardo Arroja afirma que o modelo de gestão está errado, a começar pela autonomia que só está no papel

O cabeça de lista do partido que vai às urnas no próximo domingo foi ouvir esta manhã a administração do Hospital de Guimarães sobre o estado de saúde em Portugal, após anos de "desinvestimento ou investimentos mal geridos". Depois de falar com o presidente António Henrique Capelas, clínicos e enfermeiros, o diagnóstico do economista Ricardo Arroja não é animador.

"É um milagre o Serviço Nacional de Saúde ainda estar vivo", garante, sobrevivência que afiança dever-se ao brio profissional das equipas clínicas e de enfermagem. Em sua opinião, um dos males maiores do sector está enquistado no próprio modelo de gestão, "em que autonomia de decisão e de contratação só está no papel".

"A centralização política obsessiva bloqueia a atividade, dominada pelas corporações em prejuízo dos utentes", sustenta Arroja, que lamenta a falta de representatividade por parte das instituições portuguesas nas candidaturas a fundos europeus. "Choca-me que apenas 12% da despesa pública seja afetada à saúde, quando a média da OCDE ultrapassa os 15%", diz o comentador de economia, que atribui a falta de investimento comunitário do Horizonte 2020 na saúde nacional à incapacidade dos decisores políticos, que "se demitem das suas funções para as colocar nas mãos de burocratas e tecnocratas".

O "pecado original da gestão ultra centralizada" leva, segundo Arroja, a que os hospitais não invistam "no que é essencial para os utentes locais", mas acatem ordens, "muitas vezes distorcidas" do Ministério da Saúde. "Chegou-se a um ponto em que o Estado não faz, nem deixa, concluindo que as PPP no sector da saúde são "um belíssimo caso de sucesso, comprovado pelo Tribunal de Contas", refere o cabeça de lista da jovem Iniciativa Liberal.

Para Ricardo Arroja, apesar dos ganhos conseguidos com o modelo das parcerias público-privadas, o Governo está a recuar por causa "da má publicidade e desgoverno das PPP do sector rodoviário". O candidato a eurodeputado defende que se o Estado for um bom regulador, um bom árbitro e não um gestor, a saúde dos portugueses "tem tudo a ganhar" com a iniciativa privada.

De acordo com o médico António Lúcio Baptista, especialista em cirurgia cardiotorácica e coordenador do Grupo de Reflexão 2040 do partido para a área da saúde, uma das propostas concretas que a Iniciativa Liberal vai apresentar, antes da legislativas de outubro, é o alargamento da ADSE a todos os portugueses que queiram aderir. "A ADSE é um seguro público a que todos os cidadãos que descontem 3,5% do seu orçamento poderão aceder", refere o médico, que garante que esta é uma das medidas que irá levar ao descongestionamento do SNS.

"Os utentes devem ser livres de escolher onde querem ser tratados, até porque a ADSE é não auto-suficiente, como não tem listas de espera, que causam a maior angústia aos doentes e contribuíam para a deseconomia nacional, a começar pelas baixas prolongadas", adianta o clínico militante da Iniciativa Liberal.

"Em Portugal, os políticos e o Estado metem-se em tudo, só ainda não nomeiam os árbitros de futebol", caricatura Arroja, após auscultar a administração do hospital. Na visita à cidade-berço, a pequena comitiva da Iniciativa Liberal rumou ao Largo do Toural para distribuir os panfletos com as mensagens-chave do partido que tem ano e meio de vida.

A maioria dos locais desconhece ainda a sua existência, mas lá foi escutando o lema "mais liberdade de escolha, livre iniciativa, mais cidadania". Luís Francisco, de 66 anos, informa que há mais de 20 anos que não vota, agastado por todos os "políticos serem os mesmos".

Mais empenhada, Gabriela Cunha, natural de Guimarães, reformada, avança que "faça chuva ou sol" não deixará de votar. Conhece Ricardo Arroja da televisão, gosta de o ouvir, razão pela qual talvez leve o seu voto. "Eu sei que o difícil é passar das palavras aos atos. Até me enervo e falo para a televisão quando ouço alguém de um partido a criticar outro por algo que ainda fez pior", atira Gabriela.

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