expresso.pt - 22 mai. 21:29
Primeiro-ministro “refugia-se em meias-verdades” nas respostas sobre Tancos, acusa CDS
Primeiro-ministro “refugia-se em meias-verdades” nas respostas sobre Tancos, acusa CDS
Telmo Correia acusa António Costa de contradições acerca do momento em que soube da encenação da recuperação do material militar e fala mesmo em “ocultação”. Governo esteve um ano “sem fazer nada”, conclui
“Contradições”, “meias-verdades” e “vontade de ocultação”. É assim que o CDS interpreta, numa “primeira análise”, as respostas do primeiro-ministro António Costa às perguntas dos deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito a Tancos, divulgadas esta quarta-feira. As questões referem-se não só ao desaparecimento do material, a 28 de junho de 2017, mas também à sua recuperação, na região da Chamusca, numa encenação da Polícia Judiciária Militar (PJM).
Telmo Correia, deputado e membro comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, diz que o partido vai “ponderar”, depois das eleições europeias, sobre futuras diligências sobre o caso e junto do primeiro-ministro, mas já há pelo menos uma conclusão: “O Governo tratou esta matéria com desleixo”.
“Tinha havido uma encenação. O documento [que descreve os procedimentos da PJM na operação de encobrimento] foi entregue no gabinete de Azeredo Lopes [ex-ministro da Defesa], um ou dois dias depois da recuperação. A partir daí, o Governo tinha essa informação, por via oficial ou oficiosa, não interessa. A primeira coisa estranha é o Governo saber durante um ano e não fazer nada. Nem o ministro da Defesa se deu ao trabalho de comunicar, nem o primeiro-ministro procurou saber”, afirmou ao Expresso.
Telmo Correia considera que a “parte mais relevante e contraditória” das respostas do primeiro-ministro tem a ver com o facto de ter afirmado publicamente, a 22 de outubro de 2017, que “por ação da PJM”, já tinha sido “recuperado todo o material que tinha desaparecido”. Ao mesma tempo, “na resposta anterior”, confirma ter tido conhecimento do telefonema de Joana Marques Vidal a Azeredo Lopes. Nessa conversa, a 18 de outubro, a procuradora-geral da República manifestava insatisfação por ter tido conhecimento da recuperação pelo comunicado da PJM.
“Como é possível dizer numa resposta que não sabia de nada e fez fé no comunicado, mas no entanto já tinha sido alertado para o problema. Esse telefonema tem de ser cruzado com a história do documento”, frisa o centrista. No entanto, na resposta seguinte, António Costa declara não conseguir precisar a data em que soube do telefonema de Joana Marques Vidal.
O deputado do CDS-PP salienta, ainda, que o primeiro-ministro reconhece “descoordenação entre as Forças Armadas e os sistemas de informação da República” – “avalio negativamente”, chega a responder António Costa –, mas sem tomar medidas. “Logo à partida, os serviços de informação dependem da sua tutela. Não há dúvidas nenhumas, onde estão as conclusões”, pergunta.