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Cannes ainda à espera dos trunfos mais fortes

Cannes ainda à espera dos trunfos mais fortes

Tarantino mostra, esta terça-feira, "Once Upon a Time... in Hollywood"

À entrada da segunda metade do festival, começam a surgir em Cannes as primeiras apostas para a Palma de Ouro de 2019.

Para uns, Pedro Almodóvar poderá enfim regressar a casa com um dos prémios mais disputados e desejados do mundo do cinema, após a exibição do seu tão pessoal "Dolor y Glória". Para outros, sobretudo os franceses, as fichas estão pelo momento lançadas sobre o nome de Celine Sciamma, realizadora de corpo inteiro mas também reconhecida coargumentista de alguns dos últimos filmes do mestre André Téchiné, e que já mostrou "Portrait de Jeune Fille en Feu", um filme de época sobre a paixão de duas jovens, uma pintora e o seu modelo, mas que no seu dispositivo cénico, muito elaborado, ganha em plasticidade o que não consegue obter do "fogo" que o título refere.

Mas felizmente que há ainda, para além de Tarantino, os novos filmes de Abdellatit Kechiche e Marco Bellochio, além de "Frankie", de Ira Sachs, exibido ontem à noite, e que foi inteiramente filmado em Sintra, com uma participação bastante significativa da produtora O Som e a Fúria e de muitos técnicos portugueses.

De fora da liça pela Palma de Ouro deverão estar os já duplos vencedores Jean-Pierre e Luc Dardenne. "Le Jeune Ahmed", o novo trabalho dos irmãos belgas, sobre um jovem belga de 13 anos da comunidade muçulmana, que é seduzido pelos ditames conservadores do seu imã, ao mesmo tempo que é tentado pelo primeiro amor. Sem a força sobretudo dos seus primeiros trabalhos e num registo que parece agora "preguiçoso", os Dardenne falharam no seu desejo de abordar um tema que é verdadeiramente importante nos nossos dias.

Mas Cannes, na sua cada vez maior oferta de filmes, vai permitindo, para além da sua seleção oficial competitiva, acompanhar outros autores que continuam a marcar a cena dos cinemas do mundo. Também em coprodução com a portuguesa Rosa Filmes, Albert Serra mostrou "Liberté", algures entre a provocação do sexo explícito e a sua permanente busca pela imagem mais justa, oferecendo ao seu filme uma inegável natureza pictórica.

Por seu lado, Werner Herzog, agora a residir em Los Angeles, encontrou no Japão o tema para o seu último filme, "Family Romance, LLC". Trata-se de uma história em torno de uma companhia que aluga pessoas para famílias que necessitem: por exemplo, um parente há muito ausente ou alguém para substituir um marido que não consiga acompanhar a esposa a um casamento. Em conversa com o JN, o realizador alemão confessou ter produzido o filme com o seu próprio dinheiro, "como os meus primeiros filmes" e explicou como conseguiu roubar aos estúdios de Hollywood um tema com tanto potencial cinematográfico. "Enquanto eles estavam a preparar um contrato de 140 páginas, eu já estava na rua a filmar", referiu-nos.

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