expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 18 nov. 23:00

Tráfico sem fronteiras

Tráfico sem fronteiras

O sucesso da série sobre o narcotráfico na Colômbia levou ao nascimento do primeiro spin-off, desta vez longe de Escobar ou dos quatro padrinhos do cartel de Cali. Os anos 80 revelam-se em “Narcos: México”, já em streaming na Netflix

O dinheiro tem cor. O dinheiro tem cheiro. E dá poder, mas também tem um rasto. “Há um grupo que tem todo o poder. Começam por querer fazer muito dinheiro, depois começam a fazer muito dinheiro e de repente o dinheiro torna-se tão viciante como a própria droga. E dinheiro é poder.” É com estas palavras que Michael Peña introduz a nova vida de “Narcos” ao Expresso, numa altura em que a série mudou de nome para voltar atrás no tempo e contar o que se passou noutra geografia.

Estes homens de quem Peña fala são os narcotraficantes que se apresentam no spin-off “Narcos: México” que, como o próprio nome indica, marca a saída da Colômbia para explorar território mexicano. O que esteve na origem da atual guerra do tráfico na região? Como é que tudo começou? A nova produção é na verdade um regresso ao lugar onde tudo terá começado e a um período em que o universo das drogas mexicano era muito diferente daquele que o atual Presidente Enrique Peña Nieto tenta hoje combater — e que poderá conhecer uma abordagem diferente quando Andrés Manuel López Obrador subir ao poder, já no próximo mês. No início da década de 80, quem liderava o narcotráfico era um gangue desorganizado de produtores e traficantes independentes, mas tudo estava fadado a mudar. Mais rápido do que se julga.

“Narcos: México” tem como missão apresentar a ascensão do Cartel de Guadalajara, altura em que Félix Gallardo (Diego Luna) toma o poder da operação e consegue unir os vários traficantes para construir um império. Mas não terá caminho aberto para o sucesso. À medida que cresce e avança é cada vez mais difícil manter os seus atos na sombra e há um nome no seu encalço. “Kiki Camarena é um mexicano-americano que esteve nas Forças Armadas. É um gajo que não gosta de ver alguém a tomar vantagem de uma determinada situação”, caracteriza Michael Peña sobre a sua personagem, que garante ser “um homem duro”.

O agente da DEA (Drug Enforcement Administration), o poderoso departamento de combate às drogas norte-americano, acaba de mudar-se da Califórnia para Guadalajara e a realidade que encontra é bastante diferente daquela que deixa nos Estados Unidos. Não tarda a descobrir que a sua tarefa será muito mais difícil do que à partida se poderia imaginar, como avança à conversa ao telefone. O melhor é não dar demasiados detalhes sobre o rumo dos acontecimentos mas se é verdade que “há homens com muita tenacidade, que querem travar as ações destas pessoas”, não é menos verdade que à medida que Kiki desvenda sob disfarce os métodos de Félix para vencer — fá-lo com recurso a informadores — corre cada vez mais perigo. Os acidentes acontecem e há acontecimentos trágicos que prometem mudar a regras do jogo por muitos e longos anos.

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O esquema de Miguel Ángel Félix Gallardo é mais sofisticado do que à partida se poderia julgar. E não é por acaso que o líder do Cartel de Guadalajara é considerado um dos maiores narcotraficantes da história do México e responsável pela atual configuração do tráfico de droga no país. Caracterizado como “silencioso e audacioso, indecifrável e sagaz”, Félix “é visto por todos como um líder benevolente, leal aos amigos, associados e funcionários, mas dono de uma ambição sem limites”.

Ambicioso foi também o casting feito para a série, da qual fazem parte nomes que transitam quase sempre de produções de sucesso. Aaron Staton (“Mad Men”) Alejandro Edda (“Fear the Walking Dead”), Alyssa Diaz (“Ray Donovan”), Ernesto Alterio (“As Telefonistas”), Horacio Garcia Rojas (“Texas Rising”), Joaquín Cosío (“Quantum of Solace”), José María Yazpik (“Narcos”), Lenny Jacobson (“Nurse Jackie”) ou Matt Letscher (“Scandal” e “The Flash”) são alguns dos exemplos flagrantes de que a produção não poupou na hora de contratar.

A primeira temporada de “Narcos: México” tem produção da Gaumont Television para a Netflix — que já havia garantido a distribuição global de “Narcos” — e conta com Eric Newman como showrunner, que acumula ainda a função de produtor-executivo (na qual se juntam José Padilha, Doug Miro e Carlo Bernard). Os 10 episódios já estão disponíveis em streaming na Netflix, onde se encontram também as três temporadas da série original.

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