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″Têm mesmo que levar todos″. Conversas no WhatsApp antes do ataque a Alcochete

″Têm mesmo que levar todos″. Conversas no WhatsApp antes do ataque a Alcochete

Os grupos no WhatsApp denominados "Exército Invencível" e "Piranhas on Tour" foram essenciais para o MP recolher as primeiras trocas de mensagens entre os atacantes de Alcochete.

As primeiras mensagens surgem a 13 de maio, após derrota do Sporting na Madeira. No dia seguinte, após a reunião em Alvalade entre Bruno de Carvalho e equipa técnica, foi criado o grupo "Academia Amanhã" com os detalhes finais e onde é referido por um dos atacantes que "os jogadores têm que pensar que o Iraque chegou a eles".

O MP acredita que na sequência das reuniões em Alvalade a 14 de maio de desavenças permanentes entre Bruno de Carvalho, jogadores e equipa técnica o líder da Juve Leo, Nuno Mendes e o ex presidente do Sporting "determinaram os demais arguidos a levar a cabo uma ação violenta contra os jogadores e equipa técnica a concretizar-se no dia 15 de maio". Nuno Mendes, "Mustafá", pertencia ao grupo "Exército Invencível", constituído por 14 membros, seis dos quais arguidos. Mustafá nunca participou na conversa, mas tinha conhecimento do seu conteúdo, acredita o MP.

No grupo "Exército Invencível", as conversas a aludir à agressão a jogadores começaram logo a seguir à derrota na Madeira, a 13 de maio. Pelas 19 horas, um arguido critica Rui Patrício e sugere que "devia levar uma kinkas". Também Acuña é visado por ter insultado a claque no fim do jogo da Madeira e é proposto a visita a Alcochete "ainda antes do Jamor", fazendo alusão ao final da Taça de Portugal, que o Sporting viria a perder.

É acordado que deve partir um grupo de "20 ou 30", "todos tapados" e, nesta altura, sugerido que os jogadores sejam caçados "na estrada de saída junto aos portões". Ao mesmo tempo, um membro deste grupo apela à agressão a jogadores assim que cheguem a Lisboa, provenientes da Madeira. A mensagem é repassada para o outro grupo, "Piranhas on Tour", onde também se falava em agredir os jogadores desde a noite da derrota na Madeira.

É referido a todos os elementos, dez dos quais arguidos no processo, que "quem estiver em Lisboa tem que ser avacalhado". Acuña, pelos insultos que proferiu à claque, é bastante visado. "Tem que ser apanhado mesmo em casa, tudo para Alvalade. Se desse já para partir os carros deles, partia-se. Têm mesmo que levar todos". Alguns elementos começam a sugerir que aguardem pelos jogadores nas garagens de Alvalade. "Devemos chegar antes deles". Partam o autocarro, chega de cânticos", é referido.

No dia seguinte, 14 de maio, surgem opções para o ataque à Academia, que viria a decorrer no dia seguinte. Os jornalistas que estariam à porta são visados: "Jornalistas é para varrer tudo". Os jogadores são escolhidos. "Um jogador para cada um. Mini fica com o Podence para ser taco a taco". "Bas Dost é para o Neves". "Doumbia é para o Valete". "O Queijadas vai morder os pés ao Bryan". "Bruno César é para os "teens"", "Samuka ficas com o Jesus".

No final, é decidido que "ninguém fica com ninguém. Rodinha no chão e pontapés na cabeça". A invasão à Academia ganha força pois Alvalade está "sempre cheio de bófia". "Malta, o melhor é academia, chegar, carregar no treino e acabou", escreve um dos arguidos. É decidido levar tochas, que estariam na "casinha da Juve Leo" e o local onde devem estacionar os carros para partir a pé à Academia. É também decidido o parque de estacionamento duma superfície comercial, mas longe das câmaras de vigilância. O Freeport chegou a estar em cima da mesa. "A que horas lá mais ou menos?" questiona um dos arguidos, recebendo a resposta "Não é mais ou menos, é às 16 30 lá no ponto". O mesmo tipo de mensagens é trocado no grupo "Academia Amanhã".

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