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Revendiam mercadoria que não pagavam. Judiciária descobriu burla de dez milhões

Revendiam mercadoria que não pagavam. Judiciária descobriu burla de dez milhões

Grupo criminoso actuava há muitos anos, talvez mesmo décadas. De vinho a geradores industriais, tudo servia para amealhar mais dinheiro.

A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria desmantelou um grupo criminoso que se dedicava à compra e venda dos mais variados géneros de mercadorias para revenda em todo o país. O lucro era generoso: os autores das burlas não pagavam às empresas com que negociavam aquilo que lhes compravam, e que depois revendiam a preços moderados.

O esquema durava há muitos anos – eventualmente décadas ­ –, estimando as autoridades que tenha causado prejuízos da ordem dos dez milhões de euros. De vinho a geradores industriais, tudo servia para amealhar mais dinheiro. Os inúmeros bens eram guardados em armazéns, que foram encontrados repletos de mercadoria, e posteriormente vendidos. E como conseguiram os suspeitos levar a cabo a proeza durante tanto tempo? Um dos estratagemas passava por pagar às empresas com que negociavam a primeira entrega, de molde a ganhar a sua confiança. Outro pode ter sido o recurso a transferências bancárias fraudulentas.

Por outro lado, os agora arguidos evitavam levar a cabo negócios de grande envergadura, para não chamarem a atenção sobre si. Preferiam actuar com discrição, efectuando transacções de valores que não fossem demasiado elevados. Vários deles já têm cadastro por crimes do mesmo género.

Segundo um comunicado da Polícia Judiciária, o grupo, do qual fazem parte duas mulheres, constituiu várias firmas fictícias, actuando “sob a capa de movimentos comerciais aparentemente legais", razão pela qual os suspeitos estão também indiciados dos crimes de falsificação de documentos, receptação e fraude fiscal, além de burla qualificada. Foram detidas 18 pessoas no âmbito desta operação, a que as autoridades deram o nome de Cordial Mente, numa referência à designação comercial de várias das empresas envolvidas neste universo.

Durante as buscas procedeu-se à apreensão e recuperação de "inúmeros bens ainda não quantificados, sendo igualmente apreendida significativa quantidade de documentação, que serviria de suporte à actividade criminosa", descreve a mesma nota informativa. As buscas tiveram lugar em 36 locais diferentes, de norte a sul do país. Dirigidas pelas autoridades judiciárias de Santarém e Tomar, envolveram 170 operacionais. A operação contou com a colaboração dos comandos distritais de Santarém da Guarda Nacional Republicana e da Policia de Segurança Pública.

Muitos particulares lesados

A investigação prossegue "visando apurar a real dimensão patrimonial que estará em causa", explica a Judiciária. Além de empresas, terão também sido lesados muitos particulares.

Os danos estimados pelo responsável da investigação e coordenador da PJ de Leiria, Gil Carvalho, são o somatório dos prejuízos causados a quem vendeu e não recebeu, dos impostos que o Estado deveria cobrar e dos prejuízos do comércio legal, que deixou de vender devido ao dumping. O mesmo inspector revelou que o atropelamento de um colega seu, ocorrido no Verão passado na Póvoa de Varzim, já estava relacionado com a investigação deste caso.

Os detidos deverão ser presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Santarém na quarta-feira, para aplicação de medidas de coacção.

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