www.dinheirovivo.ptdinheirovivo.pt - 13 nov. 16:20

Juncker: "Não temos de agir como a Caritas em relação a África"

Juncker: "Não temos de agir como a Caritas em relação a África"

O presidente da Comissão Europeia participou no debate que teve Angela Merkel como principal protagonista

Foi o tema que dominou todas as atenções em Estrasburgo: soube a Europa lidar com a crise migratória?

Aproveitando a presença de Angela Merkel no Parlamento Europeu, no âmbito de um ciclo de debates que convida os líderes dos estados-membros a partilhar a sua visão sobre o futuro do projeto europeu, os representantes dos principais grupos parlamentares questionaram a chanceler sobre o tema. E as palavras não foram simpáticas.

Houve espaço para agradecimentos a “tudo o que tem feito” Merkel na gestão da crise dos migrantes. Mas ouviram-se também muitas críticas, da esquerda à direita. Merkel ouviu que a Europa “espera muito mais” de si e da Alemanha e que a “história vai guardar” do mandato da chanceler uma “obsessão louca” com o acolhimento de milhões de migrantes, que “atacou os valores da Europa”. “Espero que tenha remorsos” e “que perceba o prejuízo incalculável que vai deixar às gerações futuras” foram algumas das acusações.

Nigel Farage, um dos rostos de Brexit e atual membro do grupo eurocético Europa da Liberdade e da Democracia Directa, afirmou que “a decisão de abrir as fronteiras foi a pior possível” e instou Merkel a “pedir desculpa por todos os problemas que criou”.

Farage criticou ainda a ideia defendida por Merkel de criar um exército europeu. “Nos 100 anos do armistício deveríamos estar preocupados com esta defesa de uma Europa militarizada. O projeto europeu foi criado para pôr fim ao domínio alemão, e isto só vem aumentá-lo. Nós vamos sair, mas aos outros desejo boa sorte”.

Merkel só encontrou apoio junto de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, que interveio no debate depois da líder alemã.

“A questão das migrações é um verdadeiro problema. Mas também é uma oportunidade, tanto para os africanos como para a Europa. Temos de agir de forma fraterna com África. Temos uma relação forte com este continente que devemos desenvolver. Não termos de agir como a Caritas em relação a África. O que necessitamos é de uma parceria com África em pé de igualdade. Nos também dependemos deles e não só eles de nós. Se a senhora Chanceler se fizer mais do que fez ate agora em relação às propostas da Comissão Europeia sobre este assunto isso será um grande desempenho”, declarou Juncker.

Em resposta às intervenções, Angela Merkel admitiu que ao início “pode ter havido um erro na avaliação do problema” das migrações.

“Não demos ajuda suficiente nos locais onde as pessoas viviam e por isso puseram-se a caminho daqui. Recebemos 1,5 milhões de pessoas, ajudámo-los numa situação dramática porque não podiam estar noutro sitio. Mas temos de garantir que as pessoas entrem de forma legal. Temos de aprender com os nossos erros. É por isso que agora temos missões no mediterrâneo e em África, para controlar o problema na origem. Temos de admitir que podíamos fazer melhor. Tentaremos fazer melhor no futuro”, concluiu Merkel.

Jornalista em Estrasburgo a convite do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal

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