dinheirovivo.pt - 20 jul. 01:29
Portugal é "laboratório do resto do mundo" até 3 de agosto
Portugal é "laboratório do resto do mundo" até 3 de agosto
Robótica e Inteligência Artificial são os temas da Academia de Inovação deste ano e o cão-robô AIBO foi ao lançamento mostrar o que é possível fazer
São 500 estudantes de 75 países diferentes que estão, neste momento, reunidos no Centro de Congressos do Estoril a “acelerar” os seus sonhos e ideias de modo a transformá-los, no espaço de três semanas, em startups de sucesso. No arranque da European Innovation Academy (EIA), que ocorreu esta segunda-feira, 16 de julho, mentores e responsáveis da Academia de Inovação falaram das ferramentas e recursos ao dispor dos “concorrentes”, distribuíram conselhos e nem o cão-robô Aibo, da Sony, faltou para ilustrar o mote da EIA 2018: robótica e Inteligência Artificial. Naquele que é já o segundo ano desta academia em Portugal, para quem ainda possa estranhar ver a maior aceleradora de inovação tecnológica da Europa instalada no país, Ken Singer – mentor da EIA, professor da UC Berkeley e especialista em negócios de novas tecnologias – explicou com facilidade: “Penso que um país como Portugal é perfeitamente adequado para ser o laboratório do resto do mundo”.
Entre as cinco centenas de empreendedores em concurso na EIA, estão 120 estudantes portugueses. Uma participação recorde, em representação de 20 universidades e politécnicos nacionais, que só é comparável ao contingente da UC Berkeley, com os seus 100 alunos “matriculados” na Academia deste ano. A meta das equipas participantes – todas com cinco elementos, de preferência multinacionais – é serem selecionadas para o evento final de pitching (apresentação da sua ideia de modo a captar financiamento) perante um grupo de investidores. Entre eles estarão também elementos dos maiores patrocinadores do evento em Portugal, como o Banco Santander, a Beta-i ou o grupo Daimler, dono da Mercedes.
Ken Singer, docente em Berkeley, mentor na EIA e especialista em novos negócios tecnológicos, partilhou o seu know-how. FOTO: V.Camacho / Santander Universidades
Para Ken Singer, que anda há 12 anos a fazer “mentorias, consultoria e desenvolvimento de programas tecnológicos por todo o mundo” e se prepara para orientar várias equipas da EIA 2018, os portugueses têm tudo para serem bem-sucedidos. É que, além da facilidade de comunicação e domínio de línguas estrangeiras, disse, Portugal tem “uma mão-de-obra muito instruída e especializada, entusiasmada com o futuro, querendo participar a uma escala global”. Os portugueses são “pessoas que olham para fora, que não procuram reter, ocultar o conhecimento”, afirma o responsável. E “quando se tem uma sociedade assim construída, ela vai assumir uma posição de liderança, quer lhe demos recursos para isso ou não”, garantiu à margem da conferência.
O facto de Portugal ser um país pequeno, que está longe do grau de desenvolvimento de mecas da tecnologia como Silicon Valley, em nada retira a vantagem competitiva do país. Isso só “significa que Portugal tem muito espaço para crescer e evoluir”, disse Ken Singer. É neste contexto que o mentor da EIA afirma ser Portugal o laboratório ideal para o mundo. “Não digo isto num mau sentido; digo-o com o sentido de que se pode experimentar e tentar coisas com um grupo mais pequeno de pessoas e obter o fator humano: as pessoas podem dar o seu feedback. E se as empresas conseguirem ter sucesso aqui, podem tornar-se globais”, afirmou.
Sonhar e aprender com os erros
Um dos conselhos que Ken Singer deixa aos “concorrentes” da EIA é que não tenham medo de aprender com os erros ou com o fracasso. O mesmo é dizer que não temam arriscar e, se não der certo, aprendam com a experiência. “É o tipo de aprendizagem que fazíamos quando éramos crianças, em que nos era permitido experimentar e tentar coisas novas e esse sentimento não nos fez mal”.
Para Ken Singer, a importância da EIA é recordar aos participantes os seu tempos de infância, quando podiam experimentar coisas novas e errar, mas aprender com isso. “Por isso, damos-lhes as ferramentas necessárias” – sob a forma de “espaço de manobra e o maior número de aptidões possível, para tornar esta sua viagem mais fácil e mais abrangente”, explicou – para que “nos possam conduzir para o futuro”.
Alar Kolk, presidente da EIA, foi um dos oradores da conferência inaugural da EIA 2018. FOTO: Vítor Camacho / Santander Universidades
Opinião semelhante tem Alar Kolk, CEO da EIA, que foi um dos intervenientes na conferência de arranque do evento. “O futuro está a decorrer agora”, disse o responsável. “As startups podem, de facto, operar a mudança no mundo – e os estudantes são os que o podem fazer, porque ainda são muito infantis, no sentido em que acreditam que conseguem fazer, sonham”, concluiu.
Para dar as boas-vindas às centenas de “sonhadores” que encheram o auditório do Centro de Congressos do Estoril, tiveram a palavra o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, o diretor-coordenador do Santander Universidades, Marcos Soares Ribeiro, e responsáveis da Universidade Nova e da Beta-i, as quatro entidades que são as principais parceiras da EIA em Portugal.
E uma vez que a academia deste ano está focada na Inteligência Artificial (IA) e em machine learning, pelo palco da conferência inaugural passou também Martin Omander, o programador da Google “de serviço” na EIA 2018. O responsável apresentou várias ferramentas online precisamente de IA, machine learning e reconhecimento de voz e de imagem que a Google terá ao dispor dos empreendedores para concretizarem os seus projetos. Até porque um dos grande objetivos da EIA 2018 é que várias, senão a maioria, das ideias desenvolvidas se centrem nestas novas tecnologias.
À despedida, como incentivo à inovação e ousadia dos empreendedores presentes, Alar Kolk garantiu: “Vocês são todos muito talentosos, portanto, se tiverem uma ideia, por mais louca que pareça, mas que seja dez vezes melhor do que o que há no mundo, vão ser bem-sucedidos”, garantiu Alar Kolk à despedida.
Por sua vez, Ken Singer – que na conferência deu a receita de como ser bem-sucedido na EIA e falou da arte de bem formar uma equipa de sucesso –, afirmou cá fora ao Dinheiro Vivo: “A cada ano que passa, a EIA torna-se maior e mais impressionante e há grandes ideias que se tornam, de facto, produtos e começamos a ver startups a emergir”.
Um exemplo ilustrativo
AIBO, O CÃO QUE APRENDE MAS TAMBÉM ENSINA
Por muito bem-humorada e animada que tenha sido a conferência inaugural da EIA 2018, nunca conseguiria fazer sombra à sensação do dia de arranque da Academia: Aibo, o cão-robô da Sony. Presente pela primeira vez em Portugal, o Aibo pretendeu ser um símbolo de onde é possível chegar no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, nomeadamente no campo da robótica e machine learning. É que o Aibo, além de ser uma maravilha da tecnologia – que tem 22 eixos para lhe permitirem adotar grande variedade de posições e consegue transmitir emoções com o movimento dos olhos e do corpo –, também é um excelente exemplo de machine learning (máquinas que aprendem), já que consegue aprender quem são os donos, os seus horários e novas palavras, gestos e ordens. FOTO: Vítor Camacho / Santander Universidades