observador.ptobservador.pt - 19 abr. 16:48

A nadadora síria que salvou 18 pessoas no mar Egeu enquanto fugia à guerra e agora é atleta olímpica

A nadadora síria que salvou 18 pessoas no mar Egeu enquanto fugia à guerra e agora é atleta olímpica

Yusra Mardini tem 20 anos. Há três, empurrou um barco avariado no meio do mar Egeu enquanto fugia da guerra na Síria, o país onde nasceu. Em 2016, tornou-se atleta olímpica no Rio de Janeiro.

Yusra Mardini tem 20 anos e é nadadora profissional. Competiu nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e está a preparar-se para Tóquio 2020 e para os Mundiais do próximo ano. Mas além de tudo isto, Yusra é síria, refugiada e fugiu da guerra no próprio país quando tinha apenas 17 anos. No próximo mês, partilha com o mundo inteiro a sua história através do livro “Butterfly: From Refugee to Olympian, My Story of Rescue, Hope and Triumph”.

Antes do conflito na Síria, Yusra vivia um quotidiano normal de adolescente: morava com o pai e a irmã, treinava na piscina durante duas horas por dia, estava na equipa nacional de natação e sonhava em competir nos Mundiais e nos Jogos Olímpicos. Não imaginava sequer a possibilidade de algum dia deixar de viver no país onde nasceu. Mas a guerra acabou por roubar-lhe a normalidade, a escola, a natação e tudo aquilo que lhe era próximo. O pai foi o primeiro a fugir; meses depois, Yusra e a irmã Sarah decidiram fazer o mesmo. A travessia passava por seis países e tinha como destino final a Alemanha.

Em 2016, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Em agosto de 2015, com apenas 17 anos, Yusra Mardini estava no meio do mar Egeu a bordo de um bote com problemas no motor. Tinha passado quatro noites numa floresta na Turquia, à espera de entrar nesse barco, que tinha como destino a Grécia. A solução era apenas uma: saltar para dentro de água e empurrar o barco. Teve a ajuda da irmã e juntas conseguiram levar a embarcação – e as 18 pessoas que nela viajavam – até à ilha grega de Lesbos.

Como nadadora, tento sempre fazer os menores tempos possíveis dentro de água. Mas a prova mais difícil da minha vida teve cerca de três horas e meia de duração. Lembro-me como se fosse hoje: a água salgada a arder nos meus olhos e a entrar na minha boca e garganta”, contou a atleta olímpica à Folha de S. Paulo.

As duas irmãs conseguiram chegar à Alemanha, onde hoje vivem. A história de Yusra Mardini começou a espalhar-se e o Comité Olímpico Internacional acabou por convidá-la para integrar a primeira equipa de atletas refugiados a participar nos Jogos Olímpicos, onde chegou a vencer uma das eliminatórias dos 100 metros mariposa.

A partir daí, Yusra tornou-se um exemplo e os convites para eventos e conferências multiplicaram-se. Conheceu o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obamacruzou-se com a ativista Malala Youzafzai, a ONU nomeou-a Embaixadora para os Refugiados e, para além do livro que chega às bancas a 3 de maio, o realizador Stephen Daldry (“Billy Elliot”, “O Leitor”) está a preparar um filme sobre a história da nadadora olímpica que é refugiada.

Yusra Mardini sonha com o regresso à Síria. Mas sabe que não pode fazer planos sobre isso. E desabafa: “Tenho vontade de voltar mas só o faria quando a Síria estivesse segura novamente, livre da guerra. Infelizmente, não faço ideia de quando é que vou ter essa oportunidade”.

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