dinheirovivo.pt - 19 mar. 19:37
Este é o sucessor do homem mais rico de Hong Kong e investe em Portugal
Este é o sucessor do homem mais rico de Hong Kong e investe em Portugal
Victor Li foi raptado por uma tríade aos 32 anos, deu uma única entrevista na vida, e aguardou mais de três décadas na linha de sucessão.
Victor Li Tzar Kuoi é o novo homem forte da economia de Hong Kong. Tem 54 anos e, a partir de maio, herda o império do pai, Li Ka Shing, que vai reformar-se e passar a consultor dos negócios que construiu. Nos últimos três anos, dirigiu o processo de reestruturação do grupo CK Hutchison, que o fez chegar a mais geografias – inclusivamente, a Portugal, com o investimento em 31 parques eólicos.
Victor Li foi confirmado na última sexta-feira como novo presidente do grupo que se ergueu das áreas dos portos, das telecomunicações e do imobiliário e que, hoje, abarca também infraestruturas e energia, com atividade um pouco por todo o mundo. O empresário acumulará a presidência com a gestão executiva do grupo. Li Ka Shing, 89 anos, passará a consultor sénior das empresas, a troco de uma remuneração anual de cinco mil dólares de Hong Kong (cerca de 417 euros, ao câmbio atual).
Até este ano invariavelmente indicado como o homem mais rico da Ásia, Li Ka Shing surgiu em 2018 pela primeira vez na segunda posição na lista regional da Forbes – continua a ser o mais rico de Hong Kong -, cedendo o lugar a um nome emergente da nova economia chinesa, Pony Ma, do grupo Tencent, proprietário da aplicação WeChat.
O comando do império do “super-homem” – como Li Ka Shing é conhecido em Hong Kong, iniciando a fortuna a partir de uma fábrica de plásticos aos 21 anos – passa para o filho, Victor, numa altura em que a riqueza das empresas da liberal Hong Kong começa a apequenar-se perante as dos donos dos novos negócios nascidos à sombra do Partido Comunista Chinês em Pequim, como Pony Ma e também Jack Ma, o patrão do grupo Alibaba.
Para a revista que lista as fortunas do mundo são estes hoje os mais óbvios continuadores do legado de Li Ka Shing, e não tanto Victor Li, um engenheiro formado na universidade de Stanford, nos Estados Unidos, cuja carreira foi feita sempre dentro do interior do grupo Cheung Kong. O irmão, mais novo, Richard Li, saiu do grupo para iniciar operações independentes na área das telecomunicações, formando a empresa PCCW.
Quase sempre na sombra do pai, em 1992 Victor Li teve algum protagonismo inesperado, quando ao deslocar-se da Cheung Kong para casa foi raptado por uma das mais famosas figuras do crime organizado no sul da China, Cheung Tse Keung. Foi libertado a troco de mil milhões de dólares de Hong Kong pagos por Li Ka Shing.
Victor Li é apontado como o principal responsável pela estratégia de diversificação dos ativos da CK Hutchison no exterior, que em 2015 resultaria na entrada em Portugal pela via das energias renováveis ao adquirir o segundo maior operador de parques eólicos do país, a Magnum Capital, do empresário João Talone. A Cheung Kong tem também investimentos no sector da energia no Canadá, Austrália, Holanda, Reino Unido, Tailândia e China continental, além de Hong Kong, agrupados sob uma subsidiária chamada Power Assets.
No ano passado, as operações da Cheung Kong na Europa continental tiveram um contributo para os lucros do grupo de 412 milhões de dólares de Hong Kong (42,6 milhões de euros), crescendo 52 por cento – acima do crescimento global de 29 por cento nas operações de energia da Power Assets, num lucro total de 3,21 mil milhões de dólares de Hong Kong (331,5 milhões de euros).
Victor Li fez já saber, sexta-feira, que a procura por novos investimentos vai continuar, com “disciplina”, num momento de crescente incerteza onde se evidenciam aumento das taxas de juros, Brexit e instabilidade política.