www.jn.ptFernando Calado Rodrigues - 19 mar. 00:00

Virtualidades do bispo e do Porto

Virtualidades do bispo e do Porto

A diocese do Porto teve de esperar mais de seis meses, depois da morte de D. António Francisco dos Santos, até ser nomeado o seu novo bispo, D. Manuel Linda. Ainda terá de aguardar mais algum tempo até à sua tomada de posse. E mais uns meses até que este tome as rédeas da igreja portucalense e comece a imprimir o seu ritmo, o seu estilo e a introduzir as suas reformas.

Aguarda-o uma tarefa difícil e espinhosa. A diocese do Porto, com mais de dois milhões de habitantes, é a mais populosa do país. Como todas, tem falta de clero para servir um tão elevado número de pessoas e garantir o funcionamento das estruturas pastorais. Tem menos de trezentos sacerdotes diocesanos para quase quinhentas paróquias.

Nas primeiras reações à sua nomeação, destaca-se o desejo dos portuenses de que D. Manuel Linda dê continuidade ao trabalho iniciado pelo seu antecessor, D. António Francisco dos Santos, em particular a prioridade aos mais pobres e necessitados. E, segundo Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia e do Conselho Metropolitano do Porto, em declarações ao JN, o primeiro problema que D. Manuel terá de enfrentar será o da "sustentabilidade da diocese".

Todas as personalidades ouvidas pelo JN acreditam que ele estará à altura dos desafios e que reúne as condições para ser um bispo ao nível de grandes nomes que lideraram a diocese do Porto, como D. António Ferreira Gomes. Esta personalidade o novo bispo conhece-a bem, pois estudou-lhe o pensamento para defender a sua tese de doutoramento em Teologia.

Para além do percurso académico, é de realçar a experiência pastoral de D. Manuel Linda. Entre muitos cargos na diocese de Vila Real, foi pároco e coordenador diocesano da pastoral. E durante 19 anos foi reitor do Seminário Maior de Vila Real. Isto dá-lhe um conhecimento profundo de dois setores fundamentais na vida de uma diocese: as paróquias e a formação dos futuros párocos. São estas ferramentas, entre outras, que lhe permitirão um bom desempenho nas funções episcopais que agora assume.

A diocese do Porto tem também inúmeras riquezas que D. Manuel Linda pode explorar no exercício do seu múnus episcopal. O Porto tem um dos centros de estudo de teologia de referência no país, a faculdade de Teologia da Universidade Católica. No seio do clero diocesano, ainda que reduzido para as suas necessidades, há muitos sacerdotes com formação superior. Há muitos anos que no Porto se aposta na formação dos leigos, nomeadamente através do Centro de Cultura Católica: este, fruto dos dinamismos promovidos pelo Concílio Vaticano II, há mais de cinquenta anos que garante uma aprofundada formação aos leigos da diocese em áreas como a teologia, a liturgia ou a catequese. A diocese tem, por isso, espalhados pelas paróquias, leigos devidamente preparados para desempenhar os mais variados serviços à comunidade: catequistas, leitores, acólitos, músicos para a liturgia e até animadores de celebrações dominicais na ausência do presbítero.

D. Manuel Linda enfrentará, ainda assim, alguns ossos duros de roer. Mas, com as capacidades que possui, e as virtualidades que encontra na diocese, tem condições para ser um bispo do Porto à altura dos que o antecederam. Deus o ajude!

* PADRE

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