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Dados de mais de 50 millhões de perfis no Facebook colhidos e usados sem permissão para campanha de Trump

Dados de mais de 50 millhões de perfis no Facebook colhidos e usados sem permissão para campanha de Trump

O escândalo rebentou no sábado, com reportagens do The New York Times e do Observer, e está aí para ficar

"Gastámos um milhão de dólares a colher milhões de perfis de Facebook", revela o ex-funcionário da Cambridge Analytica, a empresa ligada ao antigo conselheiro de Donald Trump, Steve Bannon, que usou os dados de milhões de eleitores para direcionar a campanha do atual Presidente dos EUA.

A empresa de análise de dados recolheu, em 2014, por altura das eleições intercalares no país, informações sobre género, raça e "gostos", capazes de prever o sentido de voto, revelar a orientação sexual (e até histórias pessoais, como se os pais permaneceram juntos ou se separaram ) ou avaliar a vulnerabilidade ao abuso de álcool e drogas. Depois, usou esses dados para construir um programa capaz de prever - e influenciar - o sentido de voto nas últimas eleições presidenciais no país, através de anúncios políticos direcionados, conforme revelaram o The New York Times e o Observer.

A recolha de dados foi feita através de uma aplicação, a "thisisyourdigitallife". Uma parceria da Cambridge Analytica com a Global Science Research pagou a centenas de milhares de utilizadores para fazerem um teste de personalidade e autorizarem o uso dos seus dados para fins académicos. Só que a app também recolheu informação dos amigos dos participantes, o que elevou a dezenas de milhões os perfis envolvidos no esquema.

Desde 2016 que a Cambridge Analytica estava no centro de um debate aceso acerca das suas "técnicas de modelação psicográfica", mas só agora foi conhecida a verdadeira dimensão da fuga de informação.

Christopher Wylie, o whistleblower, revelou ao Observer como a Cambridge Analytica, propriedade do milionário Robert Mercer, construiu esses modelos para "explorar" o que sabiam sobre os eleitores e atingir "os seus demónios".

O Observer escreve ainda que em finais de 2015 já o Facebook estava a par dessa fuga de informação, enquanto o New York Times avança que ainda há cópias dessa informação disponíveis online.

O Facebook tem-se recusado falar em fuga de informação e garante que exigiu a todos quantos estavam em posse da informação recolhida ilegalmente pela Global Science Research que a destruíssem. Entre as provas fornecidas por Wylie às autoridades está, no entanto, uma carta dos advogados da rede social, datada apenas de agosto de 2016, em que lhe é solicitado que apague todos os dados em sua posse.

Deste lado do Atlântico, a mesma empresa está a ser investigada na sequência de alegações de que teve um papel ilegal na campanha a favor do Brexit.

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