sol.sapo.ptManuel Boto - 17 dez. 11:47

Apure-se tudo mas salve-se a Raríssimas!

Apure-se tudo mas salve-se a Raríssimas!

Falar da Raríssimas é essencialmente falar dos utentes desta IPSS da qual parece que todos se esquecem e que, se não olharmos por eles, irão certamente ter as suas condições de vida deterioradas, dado que são seguramente aqueles que padecem e continuarão a padecer do sofrimento de doenças raríssimas.

Correndo o site da Raríssimas e lendo o ‘Plano de Atividades para 2018’, temos de ‘tirar o chapéu’ ao indiscutível mérito dos seus fundadores e à atual direção. Feito este introito, refiro desde já que, conhecendo diversas IPSS e até já tendo pertencido a órgãos sociais de algumas, o trabalho desenvolvido pela maioria delas é altamente meritório e tem de continuar a ser feito, sob o risco de se perderem benefícios extraordinários do ponto de vista social.

Este caso, ora na praça pública, mistura o ótimo do benefício social com o pior que a nossa sociedade consegue ter – a cunha política. 

Só assim se compreende que pelos seus quadros dirigentes tenham passado tantos políticos, ao que sei do Bloco Central, e até acredito (por não ser naïf) que esta situação não seja assim tão rara. 

Mas qual será o interesse de pertencer a instituições como esta? 

Imagino razões diversas e, no caso presente, alguns emails entretanto divulgados (está na moda a devassa de emails!) sugerem que destes convites poderão resultar benefícios materiais (leia-se euros ou ‘guito’). E fica sempre bem aos ‘sacrificados’ ostentar nos seus CV’s que têm preocupações sociais. 

Mas como todas as moedas têm duas faces, há sempre responsabilidades inerentes. 

Estas são partilhadas entre direções, conselho fiscal, auditores e até mesmo assembleia geral. Uns mais que outros, aqueles mais que esta, mas todos solidários na prossecução do objeto social. Por ‘azar dos Távoras’, às vezes há complicações e até eventuais abusos. Mas todos estão lá dentro e, com maiores ou menores responsabilidades, há que as atribuir e arcar com as consequências.

Neste caso, ao que li, terão existido gastos pessoais que nada terão a ver com o objeto social da Raríssimas. No entanto, parece que devidamente aprovados em reuniões de direção, ao que resulta dos comunicados feitos pela IPSS. Ou seja, não foi apenas a presidente que aprovou sozinha os seus próprios gastos! 

No site da Raríssimas não encontrei documentos chamando a atenção para estes problemas (inépcia minha?), embora haja questões de controlo interno com propostas de resolução no Orçamento de 2018. 

Informação entretanto publicada salienta que os auditores colocaram reservas no seu relatório às contas de 2016, nomeadamente relacionadas com falhas «no registo de rendimentos no valor de 127 mil euros em 2015 e créditos de contas bancárias não contabilizados de 44 mil euros», para além das já citadas fragilidades de controlo interno «no registo de donativos em numerário e nos inventários».

Ora, houve alguém que se revoltasse e exarasse em ata que não concordava e se demarcava destas práticas, além dos gastos alegadamente abusivos? Não me consta, tirando um antigo tesoureiro que andou de Herodes para Pilatos a tentar denunciar abusos sem que lhe prestassem a devida atenção. Mas veio a TVI e o caldo entornou.

Tanto ficou entornado que já ‘saltou’ um secretário de Estado por razões ‘pessoais’ e que tinha um contrato remunerado durante o período em que colaborou (exigem-se conhecer os benefícios dessa remuneração, dado que os já citados emails sugerem mais ser um investimento), e há um ministro que, estando na assembleia geral, alega que de nada sabia. Mas não sabia, porquê? E alguma vez perguntou sobre o relatório da auditoria? Essa é a questão. 

Sem querer julgar ninguém, também registo que uma deputada do PS que não fazia parte dos órgãos sociais viajou ao estrangeiro com adiantamentos de despesas por parte da Raríssimas, ainda que tenham sido reembolsadas. Mas a que título foi feita a viagem se não pertencia à IPSS? Com que benefício para a IPSS? Qualquer explicação é bem-vinda! 
Resumindo: há muito para esclarecer – mas, por favor, não se esqueçam dos tais doentes que são quem mais precisa do nosso apoio. Já agora, nomeiem gente credível para os órgãos sociais para não se perder uma obra essencial na sociedade.

P.S. 1 – Na Autoeuropa parece que finalmente o Governo acordou, agora que a CGTP domina os trabalhadores. Ninguém me tira da cabeça que esta é uma fatura do PCP a António Costa para apoiar o Governo. Entretanto, a administração já informou os trabalhadores de como vai ser em 2018. Agora a grande dúvida está em saber de que lado estes estão: do interesse nacional, incluindo o seu próprio interesse, ou do lado das fábricas estrangeiras da VW, ansiosas por partilharem a produção do T-ROC?

P.S. 2 - Finalmente concordo plenamente com Rui Gomes da Silva: o Benfica precisa de se rever e claramente fazer a purga que ele preconiza!

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