expresso.sapo.ptexpresso.sapo.pt - 18 out. 18:06

A Universidade sem professores ou Exames

A Universidade sem professores ou Exames

Xavier Niel aprendeu a programar por conta própria com um Sinclair ZX81 que o seu pai lhe deu quando completou 16 anos. Em vez de gastar o seu tempo - como a maioria das crianças da sua geração que tiveram acesso a esses primeiros computadores pessoais - a carregar jogos gravados em cassetes, ele era apaixonado pelas linguagens de programação.

Apenas três anos depois, já tinha experiência suficiente em telecomunicações para criar e vender (a um bom preço) a sua primeira empresa. Estas duas características, novas tecnologias e um espírito empreendedor, têm sido uma constante na vida de Niel, que o tornaram bilionário. Niel, tal como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e muitos outros empresários de tecnologia, não tinha um historial académico brilhante. Assim, em 2013, depois de afirmar que o sistema educativo de França não funcionava, começou a pensar em como melhorá-lo. A resposta foi a École 42 em Paris, uma experiência pedagógica para formar programadores em que não há professores, exames, horários ou graus académicos, é gratuita para os estudantes e é totalmente financiada por Xavier Niel. "Ganhei muito dinheiro e quero dar algo ao meu país", foi a sua resposta quando os repórteres lhe perguntaram por que investiu parte da sua fortuna em tal ideia.

O projeto, que já funciona há três anos e abriu uma segunda localização em São Francisco, distingue-se dos sistemas pedagógicos tradicionais. E os resultados que daí advierem são ainda desconhecidos. Cada curso recebe cerca de 80.000 inscrições, mas apenas 3.000 estudantes são convidados a participar do próximo passo do processo de seleção: 15 dias na sede da escola com um programa intensivo (pode funcionar as 24 horas), em que devem enfrentar diferentes desafios. Apenas 1.000 deles concluem este passo corretamente e entram na escola. Uma vez lá, continuam a trabalhar ao seu próprio ritmo - as salas de aula nunca fecham - com projetos colaborativos que devem ser resolvidos por conta própria e entregues aos tutores: não há assuntos ou cursos (existem níveis que cada um completa no tempo que precisa), sem notas ou graus académicos. Talentos em bruto e livres.

O nome da escola faz justiça ao seu funcionamento peculiar - uma mistura do encontro de “geeks” e génios tecnológicos - já que vem da série de ficção cientifica “À Boleia pela Galáxia” escritos pelo britânico Douglas Adams. Nessa série, "42" é a resposta dada pelo supercomputador Deep Tought quando lhe perguntam qual é "o significado da vida, do universo e de tudo o mais". Por enquanto, parece que na 42 os alunos se concentram em responder a "tudo o mais", mas quem sabe se de uma reunião de jovens génios não sairão outras respostas. Ou, pelo menos, como sugerido na obra de Adams, outras formas mais apropriadas de colocar a questão.

Texto: José L. Álvarez Cedena

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