observador.ptobservador.pt - 18 out. 16:52

2017 será o pior ano em área ardida. Sistema europeu aponta para mais de 500 mil hectares

2017 será o pior ano em área ardida. Sistema europeu aponta para mais de 500 mil hectares

Sistema de informação europeu indica que área ardida em Portugal ultrapassa 500 mil hectares. Não há dados oficiais, mas 2017 terá sido o pior ano de sempre. No domingo ardeu mais do que num ano.

Os dados mais recentes do sistema europeu de informação sobre fogos florestais, EFFIS na sigla inglesa, indicam que a área ardida em Portugal este ano supera já os 500 mil hectares. Os dados mais atualizados do EFFIS apontam para uma área total ardida de 520 mil hectares, que é quatro vezes mais do que a registada no mesmo período na vizinha Espanha.

A confirmar-se este número, 2017 será o pior ano de sempre na dimensão da área ardida, desde que há registos fiáveis, passando à frente do ano negro de 2003 quando arderam 430 mil hectares. Este número até foi ultrapassado no levantamento provisório que está a ser feito no Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) que contabilizou na sua plataforma 476 mil hectares, de acordo com informação obtida pelo Observador. Os dados ainda não são oficiais, mas a convicção no setor florestal é a de que este ano será passado o recorde de 2003, por causa dos fogos do último domingo.

Estatísticas do sistema de informação sobre fogos da União Europeia. Unidade: hectares

Até ao final de setembro, dados oficiais da Instituto da Conservação da Natureza e Florestas indicavam que tinha ardido 230 mil hectares, fazendo já deste ano o pior dos últimos dez. O salto na área ardida aconteceu com os incêndios dos últimos dias, verificados entre sábado e segunda-feira, mas com epicentro no domingo.

Um investigador do Instituto Superior de Agronomia (ISA) admite, em declarações ao Observador, que apenas no domingo terão ardido entre 120 mil a 150 mil hectares. Cardoso Pereira acrescenta que ardeu mais num só dia do que a média anual de área queimada — cem mil hectares. Domingo também fica para a história do fogos, como o dia com maior área ardida em 24 horas, ultrapassando os recorde atingidos no ano de 2003, quando nos grandes fogos de agosto chegaram a arder 50 mil hectares por dia.

As imagens do sistema EFFIS são captadas por satélite e permitem uma cartografia automática que dá conhecer, quase em tempo real, a dimensão das áreas afetadas pelos fogos. O mapa mostra enormes manchas no centro do país que apanharam zonas de densidade populacional importante, nos distritos de Leiria, Coimbra, Viseu, Guarda e Aveiro. Estas imagens são usadas pelo ICNF no levantamento oficial da área ardida que é complementado com informação recolhida localmente.

Para ter uma ideia mais precisa é preciso retirar destas grandes manchas as zonas que não arderam, nomeadamente áreas urbanas, agrícolas, entre outras. E esse trabalho tem de ser feito no local, quer com recurso a fotografias tiradas de avião, quer com técnicos no terreno. O sistema não capta fogos inferiores a 30 hectares e tem algumas limitações, sobretudo em zonas cobertas por nuvens, mas os especialistas ouvidos pelo Observador admitem que os números finais não serão muito diferentes.

Manchas a vermelho no mapa do sistema europeu mostram áreas afetadas pelos fogos mais recentes. Imagens a amarelo mostram zonas atingidas por fogos mais antigos e com área mais bem identificada

É poss��vel que uma análise mais fina e o cruzamento de outros dados chegue a uma área ardida inferior à agora apontada no sistema europeu, mas também há zonas atingidas por fogos que não aparecem ainda no mapa do EFFIS, em alguns casos devido a problemas de visibilidade.

De acordo com informação recolhida pelo Observador, o trabalho de levantamento da área ardida está já a ser feito por responsáveis do ICNF com apoio da GNR e dos técnicos florestais das autarquias, mas este levantamento também está a ser condicionado pela prioridade que está a ser dada pelos autarcas à identificação de prejuízos em área urbana, a nível de residências, infraestruturas e fábricas.

Mas ao nível da floresta já se sabe que há danos irreparáveis. Se 80% da Mata do Pinhal de Leiria ardeu, estamos a falar de 10 a 11 mil hectares. E na Serra do Caramulo ardeu praticamente tudo o que ainda não tinha ardido. De acordo com os dados mais atualizados do sistema europeu, estas são as áreas afetadas em maior dimensão:

  • Pinhal Interior Norte (concelhos de Santa Comba Dão, Oliveira do Hospital, Tondela, Tábua, Nelas, Penacova, Arganil, Lousã, Vila Nova de Poiares) — mais de 60 mil hectares
  • Pinhal Interior Sul (Pampilhosa da Serra, Oleiros) — Mais de 30 mil hectares
  • Baixo Mondego (Mira e região a Norte da Figueira da Foz) — Mais de 20 mil hectares
  • Pinhal Litoral (mata nacional do Pinhal de Leiria, Vieira de Leiria, Mata Nacional do Urso ) — Mais de 18 mil hectares
  • Serra da Estrela (Gouveia, Seia) — Quase dez mil hectares
  • Dão Lafões (Vouzela, Oliveira de Frades) — Quase seis mil hectares
  • Tâmega (Castelo de Paiva) — Mais de cinco mil hectares

Nos próximos dias deverá ser divulgado o primeiro relatório provisório destes incêndios.

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