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Coreia do Sul aprova pacote de ajuda de €6,7 milhões ao Norte

Coreia do Sul aprova pacote de ajuda de €6,7 milhões ao Norte

"The Guardian" aponta que o desbloqueio de fundos humanitários para programas de apoio a crianças e a grávidas arrisca agravar as tensões com os Estados Unidos e o Japão em plena crise de mísseis

O governo sul-coreano confirmou esta quinta-feira que vai fornecer um pacote de ajuda à Coreia do Norte avaliado em oito milhões de dólares (6,7 milhões de euros), num gesto humanitário que ameaça as suas relações com os Estados Unidos e com o Japão após uma nova ronda de sanções económicas e diplomáticas terem sido aprovadas contra o regime de Kim Jong-un por causa dos seus mais recentes testes de mísseis e do sexto teste nuclear executado pelo país.

Segundo os media locais, o Ministério sul-coreano da Unificação decidiu desbloquear fundos para financiar programas de apoio a crianças e a grávidas do Norte dias depois de o Conselho de Segurança da ONU ter reforçado as sanções a Pyongyang na semana passada. O Ministério, que supervisiona as relações com o vizinho desde a suspensão da guerra da Coreia em 1953, já tinha garantido que a ajuda humanitária à frágil nação não ia ser suspensa apesar das tensões políticas e bélicas na península.

Em declarações à imprensa esta quinta-feira de manhã, o ministro Cho Myung-gyon garantiu não há pagamentos em dinheiro previstos neste pacote e que "realisticamente não existem possibilidades" de a ajuda humanitária ser canalizada para o Exército norte-coreano. Na conferência, o responsável disse ainda que o governo de Moon Jae-in — eleito este ano sob a promessa de reatar as relações com o Norte — "tem declarado de forma consistente que ia continuar a fornece rajuda humanitária à Coreia do Norte tendo em conta as fracas condições para as crianças e mulheres grávidas" no país.

A decisão arrisca criar um dilema com os EUA e com o Japão, que olham para qualquer interação com Pyongyang como concessões ao regime de Kim Jong-un, numa altura em que os seus programas militares continuam a progredir rapidamente e depois de ter lançado dois mísseis balísticos sobre uma parte do território nipónico no espaço de um mês.

Segundo o "The Guardian", o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, telefonou recentemente ao Presidente sul-coreano para lhe pedir que reconsiderasse o timing deste pacote de ajuda, com o porta-voz do governo nipónico, Yoshihide Suga, a declarar publicamente que a atribuição destes fundos mina os esforços internacionais para demover a Coreia do Norte de continuar a melhorar os seus mísseis e armas nucleares. Para já, ainda não se sabe quando é que os fundos vão chegar a Pyongyang, parte deles através do Programa Alimentar Mundial da ONU e os restantes na forma de vacinas e tratamentos para doenças como infeções respiratórias agudas, diarreia e mal-nutrição através da Unicef, a agência da ONU para as crianças.

Entrevistado pelo jornal britânico, o diretor regional da Unicef para a Ásia e o Pacífico, Karin Hulshof, defende que as crianças norte-coreanas enfrentam problemas "reais" que exigem respostas urgentes. "Hoje existem cerca de 200 mil crianças a sofrer de mal-nutrição aguda, o que aumenta os riscos de morte e atrofia. Temos falta de comida e de medicamentos e equipamentos essenciais para tratar crianças jovens."

Segundo estimativas da ONU, cerca de 18 milhões dos 25 milhões de norte-coreanos estão a sofrer com a falta de comida, com a Organização Mundial de Saúde a calcular que a taxa de mortalidade entre as crianças norte-coreanas com menos de cinco anos a rondar as 25 por cada 1000, comparada com três em cada mil crianças sul-coreanas na mesma faixa etária.

Depois de Pyongyang ter executado o seu quinto teste nuclear em janeiro de 2016, a antecessora de Moon, Park Geun-hye, tinha suspendido toda a ajuda humanitária ao Norte. Segundo o Realmeter, um instituto de sondagens da Coreia do Sul, a decisão de retomar o programa de assistência não angaria grande apoio ente a população do país — a medida, aponta essa organização, levou a taxa de popularidade de Moon a cair, embora continue a rondar os 65%.

Esta tarde, Moon, Abe e Donald Trump vão discutir a crise norte-coreana à margem da assembleia-geral da ONU que está a decorrer em Nova Iorque desde o início da semana, dois dias depois de o Presidente dos EUA ter usado o púlpito na sede das Nações Unidas para ameaçar "destruir a Coreia do Norte".

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