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'O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki': O pugilista enamorado

'O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki': O pugilista enamorado

Um filme sobre a história do anti-herói finlandês que desafiou o campeão do mundo, Davey Moore, para um combate de boxe. O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki já está nas salas de cinema

Por cá, tivemos o nosso Belarmino, imortalizado pela câmara de Fernando Lopes, numa das obras de referência do cinema português. Na Finlândia, o grande mito (ainda vivo) do boxe nacional é um homem pequeno, franzino, que contrasta com os matulões que habitam o país e que nos anos 60 desafiou o campeão do mundo americano, na categoria de pesos-pluma. Não vamos desvendar o resultado, histórico ou sem história, fácil de consultar nos anais da competição. O resultado, de resto, é o que menos importa.

O combate de Olli Mäki foi motivo de grande alarido e orgulho nacional, não no sentido perigoso agora imprimido pelo Verdadeiros Finlandeses, que são de uma direita cada vez mais extrema, mas de um entusiasmo genuíno de outrora, de uma sociedade altamente periférica e bastante provinciana, um pouco como a nossa.

O combate de Olli Mäki, o padeiro de Kokkola (cidade a norte de Helsínquia), com a estrela mundial Davey Moore, em território finlandês, no início dos anos 60, envolveu muitas peripécias e um largo número de investidores patrióticos, algo desconfiados com a alegada simpatia do pugilista pelo Partido Comunista. Mas isso é o menos. À pesada e amadora preparação de Olli, constantemente interrompida por compromissos sociais e comerciais, acrescentou-se a tarefa extra de perder peso, para assim poder legalmente participar no combate (é um segundo combate).

Perante tudo isso, Olli Mäki parece sempre determinado em seguir o seu caminho, nunca se mostrando como um homem duro e manipulável, mas antes como alguém muito seguro e cheio de qualidades humanas. Ao ponto de ter o desplante de se apaixonar por Raija. Esse inevitável condicionalismo apresenta-se como uma traição a tudo e todos, principalmente ao seu esmerado treinador e manager, Eelis Ask. De alguma forma, afirma implicitamente que a vida é mais importante do que o boxe, o que não é uma afirmação tão óbvia quanto possa parecer.

Olli consegue simultaneamente desempenhar o papel de herói e anti-herói com uma simplicidade desconcertante, uma noção de perspetiva peculiar, que não faz do combate a vida, nem da vida um combate. Com um excelente naipe de atores, um uso apurado do sarcasmo, o filme O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki, primeira longa de Juho Kuosmanen, ganhou o prémio Un Certain Regard em Cannes.

Padeiro de profissão, Olli Mäki dedicou grande parte da sua vida ao boxe, tendo ganho o campeonato europeu da modalidade em 1967 e tornando-se treinador de alguns dos mais notáveis pugilistas finlandeses.

O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki > de Juho Kuosmanen, com Jarkko Lahti, Oona Airola e Eero Milonoff > 132 minutos

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