expresso.pt - 1 mai. 10:38
Ministro da Defesa nega medida para recrutar jovens delinquentes e está disponível para ir à AR
Ministro da Defesa nega medida para recrutar jovens delinquentes e está disponível para ir à AR
O Ministério da Defesa Nacional negou hoje que Nuno Melo tenha anunciado o recrutamento de jovens delinquentes, referindo que a hipótese foi abordada em contexto apenas académico
e acrescentando que o ministro está disponível para ir ao Parlamento.
"A reflexão feita no contexto da Universidade Europa, junto de jovens da AD, sublinhou as virtudes e potencialidades das Forças Armadas, ilustradas em exemplos académicos", pode ler-se, num comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa Nacional.
De acordo com a nota da Defesa, o pressuposto foi o de que as Forças Armadas são "um ativo que não se define apenas pelos cenários de guerra" e "em tempo de paz acrescentam em áreas muito diversas, do combate aos fogos, até modelos de "Escola de vida" em contextos formativos".
"Em concreto, foi referida, do ponto de vista apenas académico, uma via não explorada: a hipótese das Forças Armadas, em complemento das possibilidades que existem noutras entidades, poderem contribuir num contexto formativo de instrução, para a ressocialização de jovens e, por essa via, criarem melhores oportunidades ao longo da vida", frisou.
"Em nenhum momento se referiram os termos, a forma, o modelo, ou o tempo", apontou ainda.
TIAGO MIRANDA IL e Chega querem ouvir Nuno Melo sobre intenção de abrir serviço militar para jovens delinquentesO Ministério da Defesa Nacional garantiu também, na mesma nota, que Nuno Melo "manifesta toda a disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos na Assembleia da República".
O ministro da Defesa disse, no passado fim de semana, em Aveiro, que o serviço militar poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos em vez de serem colocados em instituições que, "na maior pare dos casos, só funcionam como uma escola de crime para a vida", ideia apoiada pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
Esta já era, aliás, uma medida preconizada por Nuno Melo há dois anos, quando defendeu “a possibilidade de as Forças Armadas fazerem o processo formativo de jovens em processos de delinquência, como forma de reinserção”, numa entrevista ao Expresso, nas vésperas do Congresso do partido em Guimarães. A justificação, semelhante à que deu agora quando discursou na Universidade Europa para jovens da AD, causou mal-estar entre militares.
Nessa entrevista, realizada em março de 2022, Nuno Melo explicava que, “muitos jovens que, por processo de delinquência, estão em regime de internamento, muitas vezes em locais com poucas pessoas e sem recursos, ganhariam muito mais num sistema protocolado em que as Forças Armadas tivessem alguma coisa a dizer nesse trajeto de vida”.
Na moção que levou ao congresso de 2022, o líder do CDS tinha a proposta registada por escrito, no sentido de se “criar um regime de Serviço Militar Facultativo, aberto a todos os jovens que, por vontade própria pretendam beneficiar, durante o tempo correspondente à recruta, de uma experiência de formação militar, porventura facilitadora da opção posterior no sentido de uma carreira militar”.
O Chega propôs hoje a audição no Parlamento, com caráter de urgência, do ministro e líder do CDS-PP, tendo em conta a "relevância do tema para a sociedade portuguesa e para a integridade das Forças Armadas".
Também a Iniciativa Liberal requereu hoje a audição do ministro da Defesa no Parlamento pelas posições de Nuno Melo sobre este tema, considerando que são declarações "inenarráveis" que devem ser esclarecidas.
Já as associações militares representativas dos oficiais, sargentos e praças consideraram hoje que a possibilidade de aplicar o Serviço Militar Obrigatório como pena alternativa, sugerida pelos ministros da Defesa e Administração Interna, é uma "ideia peregrina" e "absurda".
Notícia atualizada às 13h20, com a entrevista de Nuno Melo em 2022 e a moção à liderança do CDS