eco.sapo.pteco.sapo.pt - 1 mai. 21:57

Seguradoras atacam IA e cortam investimentos em insurtech

Seguradoras atacam IA e cortam investimentos em insurtech

Nuno Albuquerque e Castro, Head of Insurance da NTT DATA Portugal, explica as tendências de investimento em tecnologia do setor segurador. É uma nova vaga, a prioridade é Inteligência Artificial.

As seguradoras “estão consolidar e concentrar os seus investimentos” em três áreas de atividade de insurtechs: seguros integrados, risco cibernético e empresas focadas na criação de benefícios para os colaboradores das empresas, afirmou Nuno Albuquerque e Castro, Head of Insurance da NTT DATA Portugal, em entrevista ao ECOseguros, com base no relatório Insurtech Global Outlook 2024 elaborado pela consultora.

Nuno Albuquerque e Castro, Head of Insurance da NTT DATA Portugal: As empresas “têm menos capital e, portanto, se há menos capital, é normal que exista menos capital para investir em insurtechs

Há ainda uma quarta área em grande crescimento, e foi a área que mais cresceu em comparação com 2018 e 2020,: well-being e health care, ou seja, cuidados de saúde e bem-estar.

Esta concentração surgiu após 2023, antes desse ano “havia uma dispersão de investimentos e, portanto, havia muito investimento em muitas áreas completamente diferentes“, refere Nuno Albuquerque e Castro, que considera que “as seguradoras acreditam nas insurtechs, mas estão a investir menos”, declara.

Inteligência artificial: foco dos investimentos

Ao mesmo tempo que é menor na insurtech, “a aposta em inteligência artificial tem aumentado brutalmente nos últimos tempos“, menciona o dirigente da NTT Data.

Nuno Castro destacou três estratégias que seguradoras adotam para obter ou otimizar as capacidades de inteligência artificial nas suas operações, nomeadamente, colaborar com insurtechs, assim como recorrer a terceiros, como consultores e hyperscalers (por exemplo, Google e Azure) “que trazem mais capacidades e outras funcionalidades de processamento de informação que antes não era possível” e, por último, apostam em programas dereskilling (alteração de carreira) e upskilling (aprimorar capacidades) dos seus colaboradores.

Nesta última, a requalificação dos colaboradores com muito conhecimento de negócio para áreas como a inteligência artificial é “uma preocupação cada vez maior das seguradoras” que pretendem “melhorar as suas competências internas para lidar com a transformação digital que estamos a assistir”.

Nesse sentido, há postos de trabalho que vão ser impactados, como é o caso dos operadores de sinistros, que poderão recorrer a ferramentas de inteligência artificial generativa para “prestar um melhor serviço ao cliente e serem mais rápido” a dar resposta aos sinistros, afirma Nuno Albuquerque e Castro.

Ainda que considere que a IA seja “uma vantagem competitiva das seguradoras”, funcionando como “um enabler dos processos de negócio da seguradora”, que a auxilia a prestar um melhor serviço ao cliente e também aumentar a eficiência da sua cadeia de valor, “não é vantagem competitiva exclusiva”, refere o Head of Insurance da NTT DATA Portugal. “Não acho que sejam o ingrediente secreto para melhorar e para ser a empresa mais competitiva do mundo e, portanto, é algo complementar, mas é algo importante. E esta é a nossa visão enquanto NTT Data.”, acrescenta.

No final de contas, na opinião de Nuno Castro, todo o mercado está a tentar “perceber quais os potenciais impactos que esta tecnologia tem nas suas cadeias de valor”. Há ainda muito a analisar acerca de “como fazer e tirar melhor proveito desta tecnologia”. Tratando-se ainda de “uma aprendizagem que nós estamos a ter. É muito recente e acho tem uma calibração que está a ser feita.”, diz.

As três vagas de inovação do setor dos seguros

Segundo o relatório NTT Data, há três vagas de inovação a redesenhar atualmente o setor dos seguros atualmente: Seguros Digitais, Seguros Conectados e Seguros Generativos. A primeira vaga acontece quando uma seguradora converte o seu negócio manual, passando a “comercializar e digitalizar aquilo que é o seu negócio através da componente das aplicações”, explica Nuno Castro.

A segunda vaga, de “seguros conectados”, assenta na transição dos modelos baseados na proteção para estratégias baseadas na análise proativa e preventiva do risco, “com base na informação que vão recolhendo” com recurso a tecnologias de IOT’s [internet das coisas], por exemplo.

A última é quando empresas recorrem à “inteligência artificial generativa para prever os riscos”. Como a Mind Foundry que “utiliza informação de condução para entender se a pessoa cognitivamente está habilitada para conduzir” e se ao longo do tempo existiu “um declínio dessas capacidades” e dessa maneira, prever e prevenir sinistros.

(I)literacia financeira contribui para grande lacuna de proteção em Portugal

Os riscos cibernéticos, as alterações climáticas e a reduzida poupança das famílias são três desafios para reduzir a sua lacuna de proteção em Portugal, refere Nuno Albuquerque e Castro.

A reduzida literacia financeira da população portuguesa contribui para a lacuna de proteção pois “se as pessoas não entendem os produtos, não os conseguem comprar”. Além disso, “num país que tem um PIB per capita que ainda não é alto vai dificultar também a aquisição de seguros. Portanto, os seguros acabam por ser importantes. Mas é mais importante por comida na mesa e pagar as suas contas“.

Nesse sentido, apostar em seguros integrados com serviços essenciais para o quotidiano das pessoas, como, por exemplo, comprar um carro que já tenha, obrigatoriamente, integrado um seguro é uma das formas de reduzir a lacuna da proteção.

Ademais, o responsável acredita que apostar na tecnologia pode reduzir a lacuna. Nomeadamente, através de seguros paramétricos e seguros integrados, por exemplo. Nesse sentido, a Generali estabeleceu uma parceria com a Descartes que permite pagar automaticamente a um agricultor em caso de sinistro recorrendo a dados paramétricos, imagens de satélite e IA para analisar o estado do sinistro.

Riscos macroeconómicos e políticos na origem do desinvestimento em insurtechs

As seguradoras estão a investir menos em insurtechs, registando-se uma quebra de 70% no investimento em 2023 comparando o assinalado no seu pico em 2021. Segundo o relatório, a origem desse desinvestimento está em riscos de instabilidade políticos (como os resultados de eleições pelo mundo) e fatores macroeconómicos (como inflação e aumento das taxas de juro).

As elevadas taxas de juro “reduzem os capitais das empresas para possível investimento em insurtech. Os resultados líquidos das seguradoras reduziram 22% no ano passado face a 2022 e, assim, “têm menos capital e, portanto, se há menos capital, é normal que exista menos capital para investir em insurtechs“, refere Nuno Albuquerque e Castro, aludindo ao relatório.

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